ATIRA-TE AO RIO (Cacilhas)

Uma vista magnífica merecia melhor comida.

Já há algum tempo que não ia ao Atira-te ao Rio. Foi um “habitual” a determinada altura, mas sempre com um senão, que era o percurso no cais desde Cacilhas até ao restaurante, com os armazéns abandonados. Nunca tive problemas, mas esse percurso não era o mais agradável do mundo, especialmente à noite. Sendo que depois de chegar ao restaurante acabávamos por nos esquecer de tudo, porque a vista é magnífica. Mas, com o tempo a melhorar, é um daqueles restaurantes de que me lembro sempre, porque acaba por ser uma boa experiência no seu total. Por isso, num Domingo soalheiro, lá vamos nós até Cacilhas.

Se quando jantamos à beira do Tejo, em Lisboa, não temos nada de interesse para ver na margem sul, o contrário é completamente diferente. E começando logo por aí, o Atira-te ao Rio tem uma vista fabulosa sobre Lisboa. Ao nível do rio, podemos ver a cidade em todo o seu esplendor, preferencialmente num final de tarde ou noite.

Mas antes disso ainda temos um ritual para cumprir, que acaba por até ser uma experiência engraçada: o apanhar um cacilheiro e fazer a travessia do Tejo. Para mim, isto faz parte da visita ao Atira-te Ao Rio. Só é preciso ter atenção aos horários!

O restaurante fica no final do cais, e o percurso que fazemos até lá é agora muito mais seguro do que há uma década atrás, em que os prédios abandonas estavam cheios de sem-abrigo. São uns 10 minutos a pé mas é um percurso agradável e sempre vamos vendo o Tejo, a Ponte e Lisboa.

E a primeira parte que vemos do Atira-te Ao Rio é a esplanada, que começamos a ver logo ao longe e que no fundo é o principal do restaurante, por causa da vista. O interior é decorado de forma simples e com bom gosto, mas é demasiado escuro e fechado, além de um pouco barulhento, por isso escolham sempre que possam a esplanada.

atira-te ao rio vista

De reserva obrigatória, o restaurante enche facilmente, com (poucos) locais e (muitos) turistas todos à procura da mesma coisa: a vista para a Ponte 25 de Abril, para o Tejo e, claro, para Lisboa. O melhor é ir cedo, porque quanto mais cheio o restaurante mais lento é o serviço, ainda que não tenhamos muito mais a apontar. Jovem, com alguma simpatia, prestável.

atira-te ao rio

Ao ler a ementa percebemos rapidamente que não estamos no registo de um restaurante tradicional, daqueles mais típicos mesmo, com uma grelha das boas e peixe fresco. Aliás, curioso que não há um único peixe grelhado na lista, nem sequer o item intitulado “Peixe do Dia”. E, ainda mais curioso, o peixe do dia na nossa última visita era… salmão. Sim, salmão. Daqueles em posta, que se compra perfeitamente cortado nos supermercados. Pois… mas percebes que isso só nos perturba a nós, que somos a grande parte dos 10% de portugueses que ocupam toda a esplanada do Atira-te Ao Rio num Domingo ao almoço.

salmão

Ainda assim, o peixe do dia é servido mais ou menos no ponto e os legumes salteados que o acompanham são muito bons (mesmo que tenham azeite a mais). Pior está o Espadarte com Abóbora, que volta para trás por estar demasiado cozinhado, completamente seco. Na segunda tentativa já vem no ponto, pronto, e por isso ficamos mais satisfeitos, até porque a esmagada de abóbora que acompanha o peixe é muito interessante.

espadar-te
polvo atira-te ao rio

Além dos peixes, dois pratos de polvo: o Polvo à Lagareiro, com boa textura, bem regado com azeite, ainda que não precise dos mesmos legumes que acompanham o peixe do dia; e o Arroz de Polvo, servido apenas num prato fundo (numa dose bastante pequena para o preço), onde também não há nada a apontar nem ao bicho nem ao arroz em si.

arroz de polvo atira-te ao rio

Há outras “pequenas” coisas que nos deixam de pé atrás, mas que voltamos a perceber que nos incomodam a nós porque não somos turistas. Como por exemplo a Salada de Agrião, Figos, Avelãs e Parmesão, que não tem agrião. Pois, são literalmente folhas da salada de pacote, sem agrião nenhum, mas com uns figos deliciosos e depois algumas raspas de parmesão. Parecem pormenores mas não são, porque o agrião está longe de ter o mesmo sabor que a alface. E era agradável que me servissem o que pedi para comer, ou pelo menos que me dissessem que não vai ser bem como estamos à espera. Mas se calhar somos nós que somos demasiado exigentes.

salada de figos
muxama

Ainda provámos a Muxama de Atum com Laranja, onde só era de dispensar o vinagre balsâmico, tudo o resto é bastante bem conseguido. Assim como o é também o Tiramisù, que admitimos não nos deixar grandes esperanças à primeira vista – pela taça igual a de todas as sobremesas tipo mousses ou coisas do género – mas depois percebemos que estamos enganados, porque há aqui todo o sabor e texturas que um bom tiramisù deve ter.

tiramisu sobremesa

No fundo, o Atira-te Ao Rio faz valer o seu maior assert, que é a vista. O que inflacciona os preços logo à partida, que são altos ainda que não sejam exagerados. De resto, a comida não é fantástica, merecia melhor, ou pelo menos com uma oferta que explorasse melhor o peixe. Mas depois percebe-se que não é preciso, porque quem vai ao Atira-te Ao Rio não vai à procurar do melhor e mais fresco peixe grelhado da Grande Lisboa. Nada disso. Quem aqui vem, vem por causa da vista, é tão simples como isso. E essa vale a pena, aliás, continua a ser uma das melhores vistas de Lisboa. Pronto.

Preço Médio: 28€ pessoa (com vinho ou sangria)
Informações & Contactos:
Cais do Ginjal, 67/70 | 2800-284 Almada | 212 751 380

2 comentários em “ATIRA-TE AO RIO (Cacilhas)”

  1. space in a degraded building, we can see rats passing by, the toilet, without sewage, goes straight to the sea, food without defined characteristics without flavor without gastronomic quality, not worth the trip, or don’t go next door a little better

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  2. O atira te ao rio, é caro e não justifica pois a comida é má, sem qualidade e duvidosa a higiene, o prédio está em ruinas sem saneamento básico um perigo para a Saúde, nem sei como foi licenciado , calculo. Local sem qualidade.

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