Um Bunker mal preparado para a guerra dos hambúrgueres…
Hamburguerias… essa moda que não passa. Ok, é verdade que já não abrem tantas como há um ano atrás, mas continuam a nascer do chão como cogumelos. E este Bunker até se esforça, porque todo o conceito está bem pensado e resulta num espaço visualmente apelativo. Ou não fosse do Grupo Doca de Santo, responsável por fenómenos como a Capricciosa (de que já aqui falámos) e no ano passado pelo PoPoLo em Santos (também podem ver o que achámos aqui).
Ora, ao chegar ao novo Bunker, nas Docas, é impossível não fazer comparações com o “mano” do outro lado da linha do comboio, o PoPoLo. São do mesmo grupo, estruturalmente são semelhantes, o target é basicamente o mesmo, a louça é praticamente igual e mesmo na ementa há bastantes (demasiados?) pontos em comum.
Aqui não há pizzas, há mesmo só burgers, normais e também na versão “inside out”, como no outro.
E enquanto no PoPoLo o target são adolescentes, aqui a grande maioria da fauna são mesmo turistas. E alguns adolescentes também. E se esta é uma fórmula que resulta para ambos os grupos demográficos, para quê inovar?
Mas vamos então ao Bunker. Decoração baseada em motivos bélicos, com destaque para o jipe à porta, alguns grafittis nas paredes e, claro, a “farda” dos empregados. É um tema, goste-se ou não. Característica inerente ao facto de estar nos edifícios das Docas, o Bunker tem 2 pisos, sendo que a sala de cima será mais calma que a térrea, mais que não seja porque cá em baixo está a cozinha. O atendimento deixa um pouco a desejar, parece ainda um bocado inexperiente, o que é estranho tendo em conta o grupo. Pessoal jovem mas pouco atento à sala (várias mesas a chamar enquanto falavam entre eles ao balcão) e não muito expedito (somos dois, um já tem o seu hambúrguer… será mesmo precisa a pergunta “para quem é este?”). Enfim.
A lista tem algumas entradas e sobremesas, sendo que os hambúrgueres se dividem em normais e os tais inside out, ou seja, hambúrgueres onde o recheio está dentro da carne. Que provámos no PoPoLo e até são interessantes… mas que aqui não percebemos bem o que era. Pedimos o Buona Bambina, mas o queijo e a panceta que deviam vir dentro da carne estavam no exterior. Ou seja, outside out.
Pedimos também um “normal”, o Bunker Beer, com queijo cheddar (uma fatia), alface e tomate, além de ovo (que deveria ser estrelado mas que estava completamente seco)… e que traz também um shot de cerveja para beber no final. Quando já está quente e sem gás. Vá-se lá perceber porquê.
Ambos acompanhados por batata frita e um molho que mistura mostarda, maionese e caril, interessante no início mas depois demasiado intenso.
Servidos em ardósias em cima de tábuas de madeira (houvesse mais clichés…), é verdade que aqui os hambúrgueres maiores do que os do PoPoLo, mas isso também os torna muito mais difíceis de comer, até porque os talheres são a pedido. E a carne dos Açores perde-se no meio do pão e de tudo o resto… o que faz com que o conjunto seja pouco interessante.
Mais interessantes as entradas, com um simples croquete de carne a revelar-se uma boa surpresa, assim como o crab cake com um molho tártaro que lhe fica mesmo bem.
Na sobremesa voltamos a ficar muito aquém das expectativas, com um cheesecake de limão de textura esponjosa e sabor demasiado ácido.
Ou seja, contas feitas, é mais uma hamburgueria que resulta num tiro ao lado (piada bélica propositada). Ok que há aqui um conceito unificador, mas um restaurante tem de ser mais que a decoração. E numa altura em que há tanta concorrência neste segmento, faria muito mais sentido apostar na qualidade e não no visual – se bem que isso não é uma novidade, face aos outros restaurantes deste grupo.
Sim, tendo em conta a localização e o target, talvez seja um sucesso e esteja sempre cheio. Mas isso não faz do Bunker um bom restaurante. Dentro do género, preferimos o irmão mais velho.
Preço Médio: 15€ (hambúrguer e cerveja)
Informações & Contactos:
Doca Sto. Amaro – Armazém 7 | 1350-353 Lisboa | 212841458
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