Frustração? Desilusão? Tanto faz. Ou as duas.
Isto de experimentar quase sempre restaurantes novos nem sempre dá bom resultado. Gostamos de conhecer sítios novos, não só para escrever sobre eles, mas porque realmente gostamos de saber o que se faz a nível de restauração. Desde as coisas mais típicas e antigas até às mais irreverentes e modernas, vamos sempre tentando escolher restaurantes novos para ir jantar, tanto a dois como quando a situação envolve grupos.
E se já não gostamos nada quando escolhemos um restaurante novo e saímos desiludidos, então quando o contexto é de grupo (e o restaurante foi escolhido por nós), ficamos ainda mais chateados. Porque se a questão da comida até pode ser subjectiva (dependendo dos gostos de cada um) há muitas outras questões numa experiência num restaurante que podem resultar num “maravilhoso” desastre.
O Forneria foi um destes casos, o mais recente.
Fomos para ao Forneria porque íamos estar na zona do Parque das Nações e um jantar de grupo pedia um italiano. Ainda pensámos na Zero Zero, aberta lá há pouco tempo, mas não aceitava reservas para uma sexta-feira à noite. E uma pesquisa rápida levou-nos a esta pizzaria/italiano. Onde fizemos reserva para jantar com mais de uma semana de antecedência.
Chegamos ao Forneria à hora marcada… e mesmo da rua conseguimos ouvir o barulho. O restaurante está cheio, quase só famílias e grupos, e a barulheira é imensa. É um italiano (ou pizzaria, se quiserem), por isso o barulho e confusão não é a coisa mais anormal do mundo, mas aqui realmente é um bocadinho demais.
Vemos o restaurante completamente cheio, mas fizemos a nossa reserva há mais de uma semana, pelo que de certeza que deve estar tratada… ou não. Primeiro não encontram a reserva e, passados uns minutos, quando a encontram… não há mesa. Pois. Há mesas a acabar, mas não há mesa preparada para nós. Ainda bem que fizemos reserva com antecedência… Ainda pensamos em ir embora, mas acabamos por ficar.
A mesa que (finalmente) nos arranjam fica muito próxima do balcão onde são feitas as pizzas, ao fundo da sala, onde também está o forno. E quando escrevo “muito próxima”, se calhar devia trocar para “demasiado próxima”… porque nem chegamos a maio do jantar e já as minhas costas têm farinha, daquela que atiram para a massa quando a estendem. Seria giro se fosse um workshop e eu estivesse a fazer a minha pizza, mas é menos engraçado quando estou num jantar.
Mas se até agora só nos podemos queixar da desorganização na reserva e de quererem maximizar a utilização do espaço (que se lixe a comodidade do cliente), a partir deste momento entramos no registo do absurdo. E que tem a ver com o serviço e a própria comida.
Enquanto escolhemos o que vamos jantar, chega à mesa o couvert. Olhamos todos e pensamos que falta o resto… mas não falta. Somos 4 pessoas, e o couvert que nos servem é um cestinho de alumínio com 3 pedaços de focaccia e um grissini. E ainda aquela porção que vêem na foto de azeite. Pois, isso mesmo.
Resolvemos perguntar ao empregado se este é o couvert para 4 pessoas… e a resposta é um ríspido “sim”. Ok, então basicamente temos de escolher quais as 3 pessoas que comem um pedaço minúsculo de focaccia e quem é o felizardo que fica com um grissini inteiro. Parece-nos ridículo, e ainda mais se torna quando vemos a mesma quantidade de couvert a ser servida a outras mesas de 2 pessoas que vão chegando. E o que vale é que não ficamos por aqui…
As entradas na Forneria são provavelmente o que melhor corre durante o jantar, porque não demoram muito tempo e também por que não comprometem. A Bruschetta de Azeitonas, Tomate e Mozzarella é perfeitamente normal, o que não é mau nem bom. E o Enrolado de Pizza e Trufa é um claro sinal mais, uma espécie de mini calzone recheada com queijo, fiambre e um azeite de trufa (claro que não esperávamos que tivesse trufa a sério). Ainda assim, uma bela entrada.
E agora voltamos ao registo negativo, com o intervalo para a Pizza Speck, que pedimos para dividir – e à qual nos esquecemos de tirar foto! – e que é boa. Não é inesquecível, não é fantástica, mas é boa.
Só que os outros dois pratos que chegam à mesa mostram-nos que devíamos… ter escolhido outro restaurante. E o primeiro do que vos quero falar foi também o primeiro que escolhi, porque me chamou a atenção na ementa por não ser muito habitual. O Papardele tem molho de Parmesão, Alho Francês e Azeite de Trufa e, honestamente, à leitura parece muito bem. E até à primeira vista!
Pois que basta ir pela primeira vez com o garfo ao prato para perceber que a massa está toda colada. E fria. Ou seja, deve ter ficado demasiado tempo à espera para ser servida, porque o papardele colou todo e o molho quase desapareceu. É olhar para a foto em baixo:
Já que não me apetecia comer um bloco de cimento, resolvi chamar o empregado e explicar a situação. Primeiro perguntei se era suposto a massa estar assim, porque até podia ser servida assim mesmo. Não era. Atencioso, deu-me duas opções: trocar por outra opção da lista ou pedir uma nova versão do papardele. Um bocadinho desconfiado, mas porque queria mesmo comer o raio do prato, aceitei a segunda opção. Já estão a ver o que aconteceu, certo? O prato que me chegou à mesa – rapidamente demais para ter sido cozinhado no momento – foi a mesma pasta, mas com um novo molho, mais quente. O fato de estar mais quente fez com que a pasta soltasse um pouco, mas só isso. E quando perguntei ao empregado se a pasta era a mesma, a resposta foi que sim, porque o Chef não quis que eu ficasse muito tempo à espera. Então serviram-me o mesmo prato… que maravilha.
Ora, mesmo com este episódio do papardele a decorrer, ainda tivemos cabeça fria para provar o outro prato de pasta que pedimos: os Raviolis de Alheira. Muito pouco recheio dentro dos raviolis e um molho sem tempero rigorosamente nenhum. Estão a ver aquele saber salgado e intenso da alheira? Pois que neste prato não havia nenhum.
Não pedimos sobremesas, é verdade, e isso é quase inédito. Mas éramos 4 pessoas decepcionadas numa mesa, no meio de um restaurante barulhento como o caraças, e honestamente só nos apetecia ir embora. Será que eram as sobremesas que iam salvar o Forneria? Não acredito, mas também nunca saberemos…
E porque aquilo que começa mal geralmente não dá a volta, na conta deste Forneria vinham 4 unidades de couvert. O mesmo couvert que perguntámos se era para 4 pessoas, que nos disseram que sim, e que depois vimos ser servido na mesma quantidade a mesas de duas pessoas. Enfim, sem grandes comentários…
Se não tivéssemos sido nós a escolher o restaurante, talvez o sentimento à saída do Forneria fosse apenas desilusão. Assim é uma frustração completa, e a certeza de que não vai haver um regresso. Porque, e correndo o risco de ser repetitivo, uma coisa é a subjectividade em relação à comida, por ter mais ou menos sal, por estar mais ou menos apurada. Mas outra coisa são falhas gritantes no que nos é servido, aliadas a um serviço muito fraco. Muito mesmo.
Preço Médio: 18€ pessoa (com cerveja)
Informações & Contactos:
Via do Oriente, 16 E | 1990-512 Lisboa | 933 294 274
Que critica estranha…
(Para não dizer ridícula…)…
Já fui a este restaurante imensas vezes, nunca fui mal tratado, nem mal servido…
Antes pelo contrário, é dos restaurantes italianos que conheço, que melhor serve.
Deixem de ser pseudo-críticos armados em chefs gourmets…
Caro anónimo
É importante ver as datas das reviews antes de escrever. A review é de 2018, se o serviço entretanto mudou, excelente!
Bons Jantares,
OVJ
Tambem já lá estive. Episódio semelhante ao nivel da reserva e comida sem história. Eu fui pouco tempo depois de abrir e estava cheio. Se continua cheio passado tanto tempo, para quê mudar? Viva a lei da oferta e da procura.
PS: A “dose” de azeite escangalhou-me a rir…