Aqui há pizzas… divinais!
“Pizza Saves”. Isto é a primeira coisa que podemos ler com destaque na fachada da Jezzus Pizzaria. E isto é engraçado não apenas porque é um óptimo chamariz para quem passa na rua, mas ainda mais porque faz todo o sentido nesta zona da cidade, em que há igrejas de todos os tipos espalhadas pelas ruas, sempre com a sua mensagem de salvação. E a pergunta é: a pizza pode salvar alguém de alguma coisa? Sim, pode, da fome. Ou da gula. Que, por acaso, até é um pecado mortal… já viram como isto dá a volta?!
A Jezzus Pizzaria abriu no final do ano passado e foi um daqueles fenómenos curiosos nas redes sociais. O nome, aliado a uns quantos pormenores de decoração, aos nomes das pizzas e, claro, à sua composição, fizeram deste espaço um sucesso, com inúmeras publicações a escreverem artigos, bloggers e instagramers a criarem conteúdos… enfim, aquela parafernália toda que acontece quando abre um restaurante com pinta e com imagens boas para conteúdos. Além disso, a Jezzus capitalizou também um pouco na trend que tivemos em Lisboa no ano passado: as pizzas de autor. Ou seja, pizzarias que fogem às composições tradicionais, com ingredientes biológicos, nomes catchy e muita pinta na comunicação – vejam o caso da Lupita ou da Tozzi, por exemplo.
E a verdade é que basta acompanhar as redes sociais da Jezzus para lá querer ir jantar todos os dias! As pizzas têm sempre um aspecto fantástico e sim, são inovadoras a nível dos ingredientes usados e da forma como se conjugam nas várias referências. Por isso, todas as semanas dizíamos: “é esta semana que lá vamos!”. Mas depois abria outra coisa qualquer, havia outro convite, um jantar já marcado… e fomos adiando. Até que, no último dia das Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa, resolvemos lá ir jantar. Sinal divino? Talvez…
Depois dos luminosos e comunicação na fachada, o que se destaca é a entrada na Jezzus Pizzaria. O balcão logo junto à porta, o forno das pizzas – onde antigamente era uma churrasqueira – as prateleiras que ocupam toda a parede frontal com néons e caixas de take-away com uma cor dominante: o rosa. Que depois ainda aparece na parede onde temos a sinalética a explicar os ingredientes com que é feita a massa, mas que felizmente não passa através do pequeno corredor que dá acesso à sala de refeição. Esta é inócua, sem decoração nenhuma, e até um pouco claustrofóbica. Mas felizmente o Jezzus tem um pequeno terraço com esplanada. Para estarem mais perto do céu, vá 😉
Demoramos mais tempo a escolher do que é habitual numa pizzaria, e a razão é simples: queremos provar as pizzas todas. Com a excepção da Margherita, todas as outras têm um qualquer twist em relação a pizzas que já conhecemos, ou então têm combinações de ingredientes que nunca nos passaram à frente. E tudo parece delicioso! Por isso, começamos por pedir cocktails e entradas – o Rotolino de Queijo azul, com courgete, alho francês e pistachio, muito interessante – ainda antes de decidir quais as pizzas que vamos comer.
Ora, chegamos então às pizzas, e aqui é que está a prova dos nove. Em primeiro lugar, um aviso à navegação: estamos no mesmo registo do tipo de pizzas das duas pizzarias que mencionámos em cima, com as bordas altas e fofas, e por isso é normal que existam pedaços queimados. Mas malta, é uma pizza! Isso come-se também! Ou então corta-se fora e siga! O que podemos dizer é que as pizzas da Jezzus são mesmo muito boas!! A massa por si só é fenomenal, talvez das melhores que se comem em Lisboa, saborosa e resistente aos ingredientes. E o pormenor de cada pizza vir acompanhada de uma tesoura para a cortar deixa logo uma mensagem muito clara (e óbvia, na nossa perspectiva): a pizza come-se à mão. Ponto final!
Resistimos às pizzas sazonais e vamos para dois clássicos. Por um lado, temos a Judas dos Açores, com mozarella flor di latte, ananás dos Açores assado, chouriço de porco preto alentejano, parmesão de 24 meses e pesto de coentros (o único ingrediente que era claramente insuficiente)….. E do outro lado da mesa, a Holy Guanciale: tomate, mozarella flor di latte, papada de porco preto alentejano, cebola roxa e salsa. Uma pizza mais intensa, porque a papada tem mais gordura, mas aqui também já temos mais salsa, o que acaba por equilibrar tudo. Aliás, das duas esta é a pizza que resulta melhor no dia seguinte… sim, porque não conseguimos comer tudo, as pizzas são bastante grandes e como a massa é tão boa, não podia ser desperdiçada.
Além disso, ainda queríamos provar uma sobremesa, porque houve uma que nos chamou logo a atenção: chama-se Sweet Lord e é uma Tarte de Queijo no forno, acompanhada com Calda de Goiabada. Parece bem, não parece? Pois acreditem que é ainda melhor do que a descrição faz parecer! A tarte de queijo é muito boa, talvez precisasse de estar mais próxima da temperatura ambiente para que a textura fosse um pouco mais húmida… e depois a goiabada é brutal, só devia estar no prato em maior quantidade. Estávamos cheios, mas isto desapareceu em menos de 2 minutos, quase sem percebermos. Porque era delicioso!
No final do jantar, temos uma caixa cor de rosa para levar para casa, com o resto das pizzas. A massa é mesmo boa, por isso aguenta muito bem no dia seguinte. Mas não é só a massa, é tudo o resto: os ingredientes, as combinações em cada pizza, o serviço e o conceito. A Jezzus Pizzaria tem um conceito vencedor, e uma comunicação que lhe permite fazer tudo e mais alguma coisa! Além disso, tem aquele “bichinho” que é sempre fantástico na restauração: não gostam de estar parados. Inventam pizzas novas, usam diferentes formas de comunicar… enfim, não estão estagnados.
Nós demorámos demasiado tempo até ir aos Anjos para conhecer Jezzus e perceber que realmente “Pizza Saves”. Salva a nossa gula, salva o desejo de muita gente. São pecados mortais? É pá… um pecado é não ir experimentar estas pizzas!
Preço Médio: 22€ pessoa (pizza das mais caras e cerveja… mas pode facilmente ir aos 30€)
Informações & Contactos:
Rua da Guiné, 1 A | 1170-172 Lisboa | 218 137 532