LA BRASSERIE DE L’ENTRECÔTE

Um clássico nunca passa de moda. Mais ou menos…

Já não ia ao La Brasserie De L’Entrecôte há uns bons 6 anos. E sei disso porque o review anterior aqui no site tinha essa data. E porque tenho a perfeita noção que este não é, para a maioria das pessoas (eu incluído) um restaurante onde se vá regularmente. E não o é por várias razões: porque é caro, porque a oferta é “limitada” e porque se trata de um restaurante que parece sempre ter ficado parado no tempo. Desde os anos 80. Ou antes…

Mas a conveniência levou a que tivéssemos um tempo limitado para jantar, na zona do Parque das Nações, pelo que nos lembrámos da Brasserie. E, talvez, porque quando pensámos em alternativas, o nosso subconsciente ter-se-á lembrado do bife e do molho da casa. O que fez com que a decisão estivesse tomada.

Ora, a maioria das pessoas que está habituada a experimentar restaurantes “gourmet” em Lisboa vai claramente deixar a Brasserie de lado e vai encontrar muitos defeitos. Assim como vai tentar indicar muitos outros sítios com as melhores carnes e com bifes excelentes e às vezes até muito inovadores na confecção. E sim, isso é verdade, há outros restaurantes em Lisboa com melhores bifes e com métodos mais modernos. Mas o La Brasserie de L’entrecôte é único…

Para mim, ainda tem história: foi a minha espécie de introdução aos restaurantes que achava serem sofisticados, ainda que agora perceba que não o é. Além disso, tem um conceito base que adoro – se temos uma especialidade, porque é que temos de fazer mais do que isso?! Não, vamos investir naquilo que somos bons e fazer disso a especialidade da casa. E isso a mim agrada-me bastante!

E aquilo que – mesmo que não regularmente – me faz voltar à Brasserie é muito simples: ainda não encontrei um molho tão bom como o da Brasserie (e nem sequer o consigo copiar em casa, por mais que tente). O molho, a carne sempre tenra e bem cortada, as batatas que, percebendo claramente que são congeladas, ali resultam tão bem… Há uma previsibilidade inerente a este espaço que é quase reconfortante. Que nos faz sentir em casa, mesmo que seja numa espécie de viagem no tempo.

E sei que é complicado para algumas pessoas perceberem que estamos a falar de um restaurante que só tem um prato (desculpem-me, mas as opções vegetarianas não contam…), mas não vejo o problema nisso – um só prato, muito bom, e assim nem tenho de perder tempo com decisões. É tão simples como isso.

Há ainda a salada de entrada, com outro molho simples mas delicioso, havia o carrinho de sobremesas que entretanto foi descontinuado (o que, num restaurante que está parado no tempo, não faz sentido nenhum)… enfim, tudo no La Brasserie De L’Entrecôte é igual a si mesmo. E é-o assim desde sempre.

E sim, podemos pegar em algo que escrevi no parágrafo anterior: a Brasserie é um restaurante parado no tempo. O espaço e mobiliário clássico, a formalidade exagerada do serviço (que claramente não se ajusta aos dias de hoje, e isso nota-se mesmo nos próprios empregados), ou até os preços praticados. Porque estamos a falar de um restaurante com apenas um prato, servido a um preço muito elevado – especialmente quando comparado com outras opções de carne existentes em Lisboa. Isto faz com que o ticket médio do restaurante, com vinho e sobremesas, fique acima dos 40€ pessoa. E isso acaba por pesar muito.

Ou seja, não há dúvida que a carne e o molho da Brasserie são fantásticos. E que ficam na memória, mesmo que subconsciente. Mas mesmo as coisas mais clássicas deviam, de alguma forma, saber acompanhar os tempos que vão mudando. E se a nível da comida aqui não há muito a dizer, tudo o resto parece realmente ter ficado parado no tempo. O que acaba por ser um pouco desconfortável para clientes mais novos… e mesmo para o staff mais jovem. Até porque o preço elevado acaba por não parecer justificável. E tudo isto faz com que, no nosso caso, não tenhamos o La Brasserie De L’Entrecôte sempre no nosso top of mind. Mesmo com um bife e um molho do caraças!

Preço Médio: 42€ pessoa (com vinho e sobremesa)
Informações & Contactos
Alameda dos Oceanos, 43 – A | 1990-203 Lisboa | 21 896 2220

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