Uma ilha para turistas, mas com pérolas escondidas!
Já há muito tempo que queríamos regressar à Madeira, especialmente depois de termos visitados várias ilhas dos Açores durante a pandemia (São Miguel, Ilha do Pico e Terceira). Sabíamos à partida que não ia ser a mesma coisa, porque a Madeira é um destino muito mais turístico, mas ainda assim aproveitámos uns preços simpáticos para o vôo e lá fomos! Por isso, aqui ficam dicas importantes e uma espécie de roteiro do nosso fim-de-semana na Madeira. Se estiverem a planear ir ao Porto Santo também temos um guia completo e um de Restaurantes.
Informações úteis
A Madeira é um destino caro. Não há como contornar isto. Estamos a falar de uma ilha muito turística, e por isso os preços estão inflacionados. É preciso interiorizar isto e seguir em frente.
Depois, e mais importante, a Ilha da Madeira é um destino para conhecer de carro. É imprescindível alugar um carro para se poderem movimentar à vontade na ilha, porque os transportes não são assim tão frequentes. A nível do carro a alugar, não optem pelos modelos mais baratos, porque a condução na ilha envolve muitas subidas e descidas, por isso é bom que o carro seja… bom.
Quase todos os sítios aceitam pagamentos com multibanco, mas nem todos. Por isso, sugerimos que levem algum dinheiro, porque dá sempre jeito (para alguns bares, por exemplo).
A Madeira é completamente segura, tanto no Funchal como no resto da ilha. Mas, ainda assim, temos de tomar as precauções básicas, como não deixar coisas de valor à vista no carro e coisas dessas. Não se ouvem falar de muitos problemas, mas também não vale a pena arriscar.
Finalmente, o alojamento. Sugerimos que façam do Funchal o ponto base para visita à ilha, e que procurem alojamento por lá. Têm os hotéis mais caros, fora do centro, mas também têm imensas opções de apartamentos e Air BnB mais centrais. Lembrem-se só que no Funchal se paga estacionamento na rua, por isso é essencial que o local onde vão ficar tenha parque ou pelo menos um parque público nas proximidades.
O que não podem perder!
Ao contrário do que acontece nos Açores, a Madeira é uma ilha muito mais desenvolvida, mais virada para o turismo. Por isso é normal que não tenhamos assim tantas dicas completamente desconhecidas, porque efectivamente há muito turismo na ilha. Ainda assim, há coisas que têm mesmo de visitar.
E temos de começar pela Ponta de São Lourenço, que é dos sítios mais bonitos não só da Madeira, como daqueles que visitámos em todo o Mundo. A paisagem natural é fantástica, e temos a possibilidade de fazer uma caminhada até mesmo à dita ponta, que nos proporciona vistas maravilhosas. Uma experiência inesquecível, acreditem.
Outra experiência única (e que é ideal de fazer com bom tempo) é a subida ao Pico do Areeiro, onde estamos literalmente acima das nuvens. A paisagem é incrível, assim como é incrível a caminhada até ao Pico Ruivo. Não é para toda a gente, por causa da altitude, atenção.
Depois do Pico do Areeiro, faz todo o sentido ir até ao Miradouro da Eira do Serrado, onde temos uma das mais bonitas vistas da Madeira, e diferente de muitas outras. Daqui conseguimos ver o Curral das Freiras e tudo à volta, e conseguimos perceber a magnitude a Ilha e das sua geografia.
Estes são aqueles pontos que achamos mesmo que são imperdíveis na Ilha, porque nos dão experiências muito diferentes de tudo aquilo a que estamos habituados. Ainda nos ficou a faltar uma levada, mas o dia que reservámos para isso foi o dia em que choveu imenso… as que temos referenciadas são a Levada do Alecrim, Fajã Rodrigues ou 25 Fontes. Se são fixes? Não sabemos, porque não conseguimos fazer nenhuma… Mas há mais!
Outras coisas a fazer/visitar
Há outros pontos clássicos para visitar na Ilha da Madeira, independentemente de serem mesmo interessantes ou não. Por exemplo, ir a Santana para ver as casinhas típicas é um bocadinho um fail, porque as poucas que há são apenas para exposição… mas ainda assim estão bem cuidadas e resultam bem nas fotos.
Assim como as piscinas naturais de Porto Moniz, umas delas onde a malta se pode banhar livremente e outras que – claro – estão restritas a quem paga. É a Madeira, pessoal… Ainda assim, é um sítio giro de visitar, porque geograficamente é bastante engraçado.
E depois… os Miradouros. Que há às dezenas na Madeira! Destacamos alguns: o Véu da Noiva, perto do Seixal; o Miradouro do Massapez, com uma vista muito boa para a zona do Paúl do Mar, e um spot assim meio escondido…
… ou o mais turístico Miradouro do Cabo Girão, com a sua plataforma com vidro para poder ver o a distância para o mar, a delícia de muita malta que quer ser Instagramer. Mas que nem perde tempo a olhar para a direita ou para a esquerda, onde as vistas são verdadeiramente fantásticas.
E se descermos um pouco vamos então chegar ao Paúl do Mar, onde temos bares como o Maktub e outros. No caso do Maktub, por exemplo, não é fantástico a nível de serviço, mas pelo menos é um sítio onde podemos comprar uma cerveja e levar para a frente mar, onde nos podemos sentar e apreciar um dos melhores pôr-do-sol da Ilha.
Funchal… sim ou não?
Curiosamente, o Funchal é algo que destacamos como “extra” na nossa viagem à Madeira. E porquê? Porque está cada vez mais turístico, cada vez mais virado para turistas. O primeiro idioma em todo o lado é sempre o inglês, ao ponto de ficarmos incomodados por termos de estar sempre a dizer que podem falar connosco em português. E isto acontece em lojas, restaurantes e atrações turísticas…
Ainda assim, há algumas coisas giras para visitar e fazer no Funchal, começando pelo emblemático Mercado dos Lavradores. Um mercado tradicional, onde em dois pisos encontramos frutas, legumes, peixes e todo o tipo de artesanato da Ilha. A preços um pouco inflacionados, é verdade… mas também é o habitual no Funchal, porque o turista tem a carteira recheada.
Outra atividade obrigatória é a subida ao Monte no Teleférico, onde têm de estar dispostos a esperar uma boa meia hora. A subida em si é muito gira, a vista é boa, vale o preço, sem dúvida. No Monte, podemos visitar o Jardim Tropical (não achamos que valha o dinheiro), a Igreja da Nossa Senhora do Monte (fofinha) e, claro, é imprescindível fazer a descida do Monte nos carrinhos dos Carreiros! Parece mais uma coisa completamente turística, mas a verdade é que é uma experiência única e vale completamente o preço! Aconselhamos vivamente!
Novamente no centro do Funchal, andar pelo paredão até à Marina é sempre um passeio agradável, tanto num final de tarde como à noite, e quem queira pode visitar o Museu Cristiano Ronaldo, ou pelo menos tirar uma foto junto à célebre estátua (honestamente, a nós pareceu-nos tudo um bocado “mixuruca”, tanto o museu como a estátua… mas pronto). Subindo um pouco temos o Parque de Santa Catarina, que é um oásis dentro da confusão que é o Funchal, e ainda um pouco mais acima o Casino, que é outro sítio emblemático mas que também já teve melhores dias, sente-se bastante o peso dos anos.
Podemos ainda ir beber um copo a qualquer um dos bares da Rua de Santa Maria ou as outras ali à volta, onde temos a maior concentração de bares e restaurantes – e sim, tudo com menus em inglês. No fundo, o que sentimos é que o Funchal é um bom ponto de partida para visitar o resto da ilha, porque fica mais ou menos central e tem muitas opções de alojamento. E pronto.
Onde comer… os Restaurantes!
E é aqui que queremos chegar, não é? 😉 Pois vamos lá a isso!
Recebemos largas dezenas de dicas, e tentámos organizar-nos pelos sítios mais recomendados e pelas refeições que tínhamos pela frente. Curiosamente, o sítio que mais gostámos – e que entrou diretamente para o Top de nossos “restaurantes” de sempre – foi o Talho do Caniço.
Porque não há nada assim em mais lado nenhum! Estamos literalmente a falar de um talho, que abre de quinta a sábado, onde vamos escolher e comprar a nossa carne… que depois é colocada em espetos, temperada. E o que é que fazemos? Pegamos nos espetos e damos a volta à esquina, em direção ao espaço de restaurante. Só que não é um “restaurante” como estamos habituados 😉
Aqui somos nós que colocamos os nossos espetos no fogo, para os grelhar no ponto que queremos, cada espeto identificado com uma chapa com o número. Escolhemos uma mesa, onde houver lugar, vamos ao balcão pedir o acompanhamento (que é só pão) e a bebida (vinho, claro!), e comemos em pé. Sim, não há aqui merdas, come-se em pé e com a mão!
O Talho do Caniço é um sítio de pessoas simples, onde a partilha e o convívio são reis, onde não temos de nos preocupar com nada e temos simplesmente de entrar no conceito, porque é fantástico. E a carne? Pá, a carne é assim uma coisa do outro mundo!!! Este é o “restaurante” que mais nos surpreendeu nos últimos anos, porque é tão fora do comum e tão genuíno que é impossível não ficarmos completamente rendidos!
Mas há mais restaurantes a destacar na Madeira, com muitas dicas vossas (obrigado, malta!!!). No Funchal, o mais sugerido foi o Kampo, do Chef Júlio Pereira, um restaurante de autor, onde o balcão é o claro destaque da sala e onde as carnes são a principal proteína. Ainda assim, há uma lista bastante interessante de entradas, de onde destacamos de longe a Bola de Berlim com Farinheira e Cogumelos, o Corneto de Atum e ainda o Ravioli de Rabo de Boi com Trufa e Foie Gras, uma combinação clássica. Há aqui ideias muito interessantes, especialmente se as enquadrarmos no contexto da Ilha da Madeira.
Outras sugestões, e começando por aquela onde tivemos a experiência menos boa: a Casa de Palha, na zona próxima de Santana, foi uma referência de algumas pessoas (e a única na zona). Não ficámos fãs, porque o Consomé de Camarão foi das piores entradas que já comemos e nem o Cabrito nem o excelente Gelado de Amendoim dão a volta à refeição.
O restaurante As Vides foi a nossa segunda melhor experiência na Madeira, porque tanto o serviço como a comida são muito bons. A Espetada à Madeirense é muito boa (mas não tão boa como a do Talho), mas o grande destaque é mesmo o Pudim de Maracujá, fantástico!
O Muralha’s Bar foi também sugerido por alguns dos nossos seguidores, mas só decidimos ir lá depois da recomendação veemente de uma das pessoas do Talho do Caniço. É um restaurante de petiscos, completamente cheio, onde a comida tem altos e baixos: boas Lapas Grelhadas, excelente Escabeche de Atum, fraco o Picadinho Regional (com batata frita congelada) e ainda pior o Prego no Bolo do Caco, onde nada se safa. Enfim…
Outro restaurante muito sugerido foi o Abrigo do Pastor, que é realmente muito diferente dos outros. Estamos num registo de comida de conforto, comida da serra, e o próprio espaço mostra isso, com uma decoração expressiva. A comida é também diferente do resto que se encontra na Madeira, com pratos mais quentes, mais aconchegantes. E aqui provámos um Leitão Assado com Batata Doce com Mel, um prato muito bom e que não esperávamos comer na Madeira.
Tivemos muitas mais sugestões, mas não conseguimos ir a todo o lado, porque um fim-de-semana não dá para mais. Mas agradecemos a toda a malta que nos enviou mensagens! 🙂
E poncha. Muita poncha!
Não podíamos falar da Madeira sem falar de poncha! A bebida mais típica da ilha, da qual todos têm a sua preferida, claro! Não conseguimos fazer um roteiro extenso da poncha, indo a todos os sítios que nos foram sugeridos… porque passámos só 3 dias na Madeira e porque não temos uma capacidade assim tão grande de absorver álcool. Mas acreditem que tentámos! 🙂
Não vamos estar com rodeios: a melhor Poncha à Pescador que bebemos (e bebemos muitas) é de longe a da Taverna Real da Poncha, na zona de Serra de Água (não confundir com a Taberna da Poncha, essa é uma treta). Aqui temos o Sr. Laurindo a fazer cada poncha à mão, seguindo o método mais tradicional, com calma e com muito amor. Não há multibanco, mas há uma poncha à Pescador verdadeiramente saborosa, intensa, fantástica!
Mas há mais sítios interessantes onde ir experimentar ponchas, mesmo tendo em conta que se experimentarem muitas vão sentir os efeito 😉 A Venda do André é um dos bares mais antigos e emblemáticos da Madeira, e aqui não só temos muitas ponchas diferentes como ainda podemos provar a Nikita (outra bebida regional, que é uma espécie de piña colada).
Ainda fomos a mais sítios: em Câmara de Lobos, temos o Bar É Prá Poncha, que tem o recorde de ponchas servidas por dia (não sei se isso será uma boa referência, porque a poncha deveria ser sempre feita na hora…); no Funchal (e também em Câmara de Lobos) temos o Sete Mares, onde bebemos a melhor de poncha de tangerina; e ainda temos a Poncha de São Vicente, mais no norte da ilha. Uma dica, malta: parece que é só suminho… mas acreditem que não é. Mesmo.
Se recomendamos? Claro!
E pronto, é isto! Certamente que há muito mais para visitar, que há mais segredos escondidos, sítios conhecidos só por locais, restaurantes mais caros e outros mais baratos, coisas mais típicas. Uma Madeira mais elitista e uma Madeira mais genuína, talvez, como acontece com qualquer outro sítio no mundo. Mas este foi o nosso roteiro, aquilo que fizemos e que sugerimos fazerem. Independentemente de tudo, é um fim-de-semana muito bem passado 🙂