Onde tudo sabe ao mesmo…
Ok, o título é talvez um pouco exagerado… ou não. Porque grande parte dos petiscos que comemos no Maria Azeitona de Tires sabiam todos ao mesmo, é verdade. Não sei se por serem fritos no mesmo óleo, se por serem acompanhados da mesma maionese, não sei qual a razão, só sei que estivemos a comer fritos moles e todos iguais. E se até podíamos esperar que os pratos principais salvassem o jantar, eis que não. E as sobremesas ainda menos… :/
Já não tínhamos ficado impressionados nas nossas visitas ao Maria Azeitona original, na Amadora, muito por causa do espaço mas também porque houve demasiados altos e baixos a nível da comida. E até percebemos que o restaurante de lá foi o primeiro a abrir numa altura em que a Amadora começava a ser invadida por conceitos interessantes, nesta óptica dos petiscos portugueses para partilhar… o ser o primeiro não significa ser o melhor. E nenhuma das nossas experiências lá foi completamente positiva. São opiniões, é o que é.
Mas ok, abriu um Maria Azeitona em Tires, mesmo no aeródromo. Há jantar de família que não é organizado por nós, e a sugestão é ir até lá. Porque não? Até porque são petiscos portugueses, é difícil falhar redondamente. Isto pensávamos nós…
Em primeiro lugar, o espaço. Que parece a cantina do aeródromo. Não sei se é pela iluminação demasiado clara e branca, se pelas mesas corridas com as cadeiras de metal, pelo facto da acústica do espaço ser uma porcaria e estar sempre uma barulheira… eu sei lá. Só sei que somos 8 na mesa e todos achamos que estamos numa cantina. Não começamos bem, mas pode ser que a comida nos surpreenda e passemos por cima disso. Só que não.
Como somos muitos – e com gostos muito diferentes – pedimos vários petiscos para ir picando, antes de sequer olhar para os pratos principais. Mas o problema é que muitos dos petiscos que pedimos são fritos, como aliás muitos da carta também. E chegam todos mais ou menos ao mesmo tempo… e todos com os mesmos problemas: estão moles, a polme não tem crocância nenhuma, estão oleosos e as maioneses são todas iguais. Por isso, quer sejam os Peixinhos da Horta, o Camarão em Tempura de Macau (este nome é só ridículo para aquilo que nos servem) ou mesmo o Choco Frito, parece que estamos sempre a comer a mesma coisa esponjosa.
O que se safa no meio disto são os Ovos Verdes, ainda que a polme continue a ser mole e oleosa, mas o recheio dos ovos é bom, por isso aceitamos melhor. Aliás, é a única destas entradas que terminamos, e acho que isso quer dizer muito: quando 6 pessoas não terminam entradas para partilhar, diria que não se trata da opinião de “A” ou “B”. É a opinião de várias letras do abecedário.
Mas ainda há mais entradas, estas mais normais, sem surpreender nem desiludir. Os Ovos com Farinheira são cremosos, ainda que lhes falte um pouco de sal, e o Pica Pau precisava de um molho mais apurado, mais intenso. Nada a apontar à carne, que está relativamente tenra, mas o molho não nos faz aproveitar o resto do pão que sobrou do couvert. E isto quer dizer quase tudo.
No final dos petiscos, estamos com fome. Até porque não comemos assim tanto, já que alguns dos fritos regressaram à cozinha nos pratos. Por isso, pedimos dois pratos principais, sem inventar muito e numa decisão democrática (ainda que não fossem necessariamente as nossas escolhas). Por um lado, temos o Brás de Camarão e Espargos Selvagens, muito bem servido e recheado, ou seja, com muitos camarões (os mesmos da tempura de Macau, claro) e muitos espargos, o brás relativamente cremoso, por isso um bom prato.
O outro prato são os Abanicos de Lombo de Porco Branco com Puré de Maçã… que são servidos com batatas fritas. Sem que nos digam nada. Quando perguntamos lá nos dizem que o puré tinha acabado, mas avisar antes? Está quieto. Este é só um dos vários pequenos pormenores em que o serviço no Maria Azeitona de Tires também anda ali um bocadinho ao lado. Mas pronto, já estávamos por tudo.
Finalmente, as sobremesas. Conhecem a expressão “fechar com chave de ouro”? Pois, aqui não vai acontecer isso. O Leite Creme – como já nos tinha acontecido no Maria Azeitona da Amadora, o que significa que pelo menos há consistência – tem a textura de um pudim, demasiado sólido, dá para mastigar. Assim como as Farófias, também demasiado sólidas, sem grande cremosidade. À semelhança dos petiscos, não acabamos nenhuma sobremesa. E ninguém nos pergunta porquê…
Honestamente, gostava de gostar do Maria Azeitona. Porque há muitas pessoas que conheço e respeito que gostam muito, por isso é que damos oportunidades e voltamos. Mas nunca ficamos convencidos, longe disso. É certo que os preços são justos e o serviço – mesmo com falhas – é simpático… mas depois falha tudo o resto. O espaço é desconfortável e a comida é… irregular. E nem é só a nossa opinião, neste caso toda a gente na mesa achou a mesma coisa.
É verdade que experiências são experiências, e que opiniões são opiniões. Mas fritos empapados em óleo são fritos empapados em óleo. Comida sem sabor é comida sem sabor. Aqui não há assim tanta subjectividade. E até podemos ter azar e tudo o que sai mal no Maria Azeitona sai apenas para a nossa mesa… nas várias vezes que lá fomos. Mas no final a experiência está longe de ser positiva, por isso estamos também muito longe de voltar.
Preço Médio: 22€ pessoa (3 petiscos a partilhar e vinho da casa)
Informações & Contactos:
Aeródromo de Tires | Av. Amália Rodrigues | 2785-632 São Domingos de Rana | 927 414 374
Concordo em absoluto. Há restaurantes que têm imensa fama e estão cheios, como este e não percebo como… Acho que as pessoas vão atrás de aquilo que as outras pessoas dizem e parece que têm obrigação de gostarem e dizerem bem. Os petiscos como os pratos deste restaurante são normalíssimos e alguns banais.
Não posso estar mais de acordo. Tenho boa opinião do da Amadora, mas este de Tires não merece o mesmo nome.
Empregados de mesa simpáticos, mas a cozinha muito má.