(Provavelmente) o restaurante do ano!
Nunca fui aos Açores. Mas fui ao Rabo D’Pêxe duas vezes no espaço de três dias, o que não é nada habitual. E isto só mostra o quanto gostei da primeira vez. O problema é que, na segunda visita, alguns dos pratos foram um pouco ao lado… e isso fez com que não o possa eleger como restaurante do ano. Pelo menos por enquanto…
O Rabo D’Pêxe ocupou o espaço deixado livre com o encerramento do Dell’Anima, na Duque de Ávila, e que era um dos nossos restaurantes italianos preferidos. Do espaço os novos donos aproveitaram apenas as paredes, porque tudo o resto ajusta-se mais ao conceito do restaurante. Estamos num registo tipo Sea Me, um restaurante de peixe, marisco e sushi, com um target mais sofisticado e empresarial, ainda que os preços sejam acessíveis. A decoração (ou ausência dela) mostra a sobriedade do espaço, cujo ex-libris é a fantástica área exterior nas traseiras, uma esplanada fechada que resulta bem tanto no frio como no calor e que nos faz sentir num pequeno oásis no meio da cidade.
À chegada explicam-nos que este é um restaurante com peixe e carne dos Açores, sendo que podemos ver a carne numa arca frigorífica e o peixe em exposição à entrada da zona exterior. Muito bom aspecto, sem dúvida.
A lista tem várias coisas diferentes: uma secção de pequenos pratos de peixe e de carne, pratos principais que juntam as duas coisas (surf & turf) e, claro, uma vasta oferta de sushi. Tudo soa bem quando se lê e também tem uma apresentação excelente. Porque os olhos também comem.
Percebo quem opte pelo sushi, mas a carta tem tanta coisa interessante que a única coisa que provámos foram uns fenomenais nigiris de sardinha assada, acompanhados com a espinha da sardinha frita. Deixamos o sushi para uma próxima visita, mas este preview promete.
Para começar, as vieiras coradas com picadinho de morango e beterraba são excelentes, mas o mais surpreendente é mesmo o picadinho, porque consegue o equilíbrio perfeito entre a doçura do morango e o sabor a terra da beterraba. Brilhante! Por outro lado, a pota preta com milho frito cai um pouco mais no registo da normalidade, mais pelo milho do que pela pota.
Seguimos com um fantástico prego de atum, servido em bolo levedo semi-torrado e barrado com manteiga de ervas, uma coisa tão simples mas tão boa. E se o prego é fantástico, então o tártaro de novilho é assim uma coisa do outro mundo! Não só pela carne fabulosa como pela adição de wasabi, que torna o conjunto, quando misturado, no melhor tártaro que já comemos. Sem espinhas! 😉
Experimentamos dois dos pratos surf & turf, um em cada visita, com resultados completamente opostos: na primeira vez, o novilho à bulhão com lingueirão é excelente, o bife tenríssimo, o molho rico e saboroso, com o lingueirão a dar-lhe um toque final muito bom, muito bom mesmo; mas, na segunda vez, o bacalhau com puré de grão de bico e barriga de porco revela-se uma desilusão… o puré muito seco, o bacalhau completamente insonso, tanto que fica metade no prato (safa-se a barriga de porco, que não sendo inesquecível é claramente o melhor do prato).
Nas sobremesas, tudo novamente com óptimo aspecto! Dividimos uma torta de laranja com recheio de maracujá e terra de alfarroba, que é outro daqueles pratos que não nos importamos de repetir todos os dias, de tão bom que é! As texturas diferentes, o contraste entre o doce e o ácido, tudo perfeito. Perfeito!
Feitas as contas, duas visitas em três dias mostram que tudo o que escrevemos ainda está longe de fazer justiça ao Rabo D’Pêxe. Este é um restaurante a voltar repetidamente, porque tudo na lista deve ser provado. E depois ainda há o sushi!
Ou muito nos enganamos ou este vai ser um dos restaurantes do ano, para nós e para muita gente. E nem interessa se já fomos aos Açores ou não!
Preço Médio: 18€ pessoa (entrada, prato e sobremesa, com vinho a copo)
Informações & Contactos:
Avenida Duque de Ávila, nº42B | 1050-083 Lisboa | 21 314 1605
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