De Gordos para Gordos.
A moda das petiscarias e tabernas modernas apareceu ligeiramente antes da moda das hamburguerias e cresceu com a mesma rapidez. Quem não ia para os hambúrgueres, abria um espaço com decoração vintage, cadeiras todas diferentes, louça também toda diferente, e uma ementa pré-formatada: ovos mexidos com farinheira, pica pau, peixinhos da horta, cogumelos recheados… Ou seja, a mesma falta de originalidade que as hamburguerias.
Nenhuma das duas modas passou completamente, mas felizmente estão a abrandar. E isto permite-nos ir agora a alguns sítios que abriram nesse boom, mas que agora estão mais “calmos”.
A Taberna dos Gordos, no Príncipe Real, é uma dessas tabernas, onde nada do que vemos de fora é inovador ou surpreendente. A decoração, a ementa, a louça, tudo alinhado pelo que fazem as outras “tabernas” deste género. Mas, como somos gordos, pareceu adequado para um jantar de dia de semana.
O espaço é pequeno e ainda bem que a maioria das pessoas que entra para jantar não é gorda, senão não cabíamos todos. A clientela é um misto de clientes habituais (os gordos do costume) e turistas que andam pela zona (os gordos ocasionais).
O “gordo” que nos serve fá-lo de forma calorosa e simpática, simpatia essa que acompanha toda a refeição, mesmo à medida que o restaurante vai enchendo.
A ementa não surpreende, com ênfase nos petiscos e depois alguns pratos principais. Não há peixinhos da horta, mas há outros clássicos. Como somos gordos, escolhemos alguns petiscos e depois ainda um prato principal.
Começamos com os cogumelos com barriguinha fumada (vulgo bacon), com um molho espesso que nos faz pedir mais pão – é o que os gordos fazem, molhar o pão até o prato estar limpo. Ao mesmo tempo chegam à mesa duas ardósias (modernices): numa delas, o choco frito, crocante e bem frito, com um molho que devia ser mais tártaro e menos maionese; na outra, umas bolinhas de morcela excelentes acompanhadas de um puré de maçã fenomenal, de comer à colher e lamber os dedos. Em ambas havia também uma salada ibérica, mas fica lá, não é para gordos.
Para dividir, seguimos com as bochechas de Barrasco, onde a carne podia estar um bocado mais tenra mas estava envolta num molho gordo e saboroso, acompanhadas por um puré de batata doce roxa com chouriço que é assim uma coisa do outro mundo. Ainda havia últimos pedaços de pão, que serviram para limpar mais este prato. É a vantagem de sermos gordos, poupamos trabalho a quem lava os pratos 😉
No final, gordo que é gordo pede sobremesa. E ainda que também tenhamos pedido a tarte de lima (normalíssima), um gordo come é pudim! Abade Priscos, claro, com muito sabor a carne, com a textura certa.
Se é saudável? Não, claro que não, porque é comida de gordos, para gordos. E este termo nada tem a ver com a condição física, mas sim com aquelas pessoas que gostam de comer bem e de se sentir satisfeitos com a comida. Comida boa, daquela com substância, que nos enche as medidas. A Taberna dos Gordos pode não ser inovadora nem ter uma lista surpreendente, mas cumpre aquilo que promete: é um sítio despretensioso, para ir comer bem, sem preocupações. Nós, gordos, gostámos. 😉
Preço Médio: 16€ pessoa (com vinho)
Informações & Contactos:
Rua Monte Olivete, 63 | 1200-279 Lisboa | 21 395 0103
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