TAPA BUCHO GASTROBAR

Um restaurante completamente diferente.

Lembro-me perfeitamente quando há um tempo atrás surgiu a moda das “petiscarias modernas”. Ou seja, versões modernas das tascas e casas de petiscos que sempre fizeram parte a nossa cultura gastronómica. Durante largos meses, apareciam restaurantes destes em praticamente todo o lado… e sempre com as mesmas ofertas. Tal foi a moda que até nós estávamos a ficar fartos de ovos mexidos com farinheira, de pica-pau ou de pimentos padrón…

Mas a verdade é que houve restaurantes destes que se distinguiram, que se destacaram da grande maioria. Foram poucos… e o Tapa Bucho foi o melhor de todos. Aliás, ainda é. Um espaço pequeno, com poucas mesas, mas sempre completamente cheio. Aliás, tão cheio que havia filas à porta. E pessoas à espera. Muitas… E por isso é que não foi surpreendente saber que o Tapa bucho ia abrir um espaço novo, o Tapa Bucho – Gastrobar. Perto do restaurante original… mas completamente diferente.

Tapa Bucho Gastrobar

Saltando já para o final daquilo que vamos escrever sobre o Tapa Bucho – Gastrobar, é importante reforçar uma coisa: este novo Gastrobar não tem rigorosamente nada a ver com o Tapa Bucho original. Certo, o nome é o mesmo, os responsáveis também, mas estamos a falar de conceitos completamente diferentes. No espaço, na carta, no atendimento, em tudo. E é importante ter isto em mente para evitar comparações, porque realmente não se podem comparar.

Mas vamos então falar do Tapa Bucho – Gastrobar. Numa das ruas mais movimentadas do Bairro Alto, é fácil de passar por ele e não se perceber logo à partida. A rua é escura e o restaurante ainda não tem grande iluminação exterior (porque a câmara dificulta sempre a vida aos restaurantes nestas zonas “históricas”…). Felizmente, o ambiente escuro muda completamente ao entrar no restaurante. A primeira sala é ampla e muito iluminada, e a decoração é só mesmo isso, a iluminação. Tecto assumidamente despido, para lhe dar um ar mais moderno.

Tapa Bucho Gastrobar

Se a primeira sala até pode parecer um pouco despersonalizada, até por ser demasiado ampla, este Gastrobar tem mais dois espaços: uma sala no piso de cima, mais pequena (e com o painel que podem ver em baixo, que vai dar belas fotos para o Instagram), e ainda um pequeno terraço. Ambientes mais intimistas, se quiserem.

Tapa Bucho Gastrobar

Num espaço com vários espaços (e tão recente), seria normal que o atendimento fosse um pouco desconexo… mas não foi isso que sentimos. Os tempos estão certos e quem nos serve é simpático e conhecedor da ementa. O que é bom, porque sendo um gastrobar, há coisas na ementa diferentes do habitual, pelo menos para quem vai à espera de uma casa de petiscos.

Tapa Bucho Gastrobar

Porque gostamos de fazer um review completo, escolhemos várias coisas diferentes (na realidade, é porque somos gordos…), de uma carta que tem muito por onde escolher mas sempre numa óptima de pequenos pratos para partilhar. Mas, em vez de petiscos tradicionais, são pratos mais elaborados. Ora vejam.

Começam por nos dizer que temos mesmo de provar o Paté de Fígado de Galinha, servido com tostas, queijo da ilha, flor de sal e mel. ” É um paté mesmo para quem não gosta de paté”, é o que nos dizem, mas eu digo que não será bem assim. De qualquer forma, e porque nós gostamos, este paté é fenomenal! Não só o paté em si, que já é delicioso, mas também as tostas, o queijo e o mel. Um conjunto de comer e chorar por mais, e que substitui perfeitamente o couvert.

Tapa Bucho Gastrobar

Começar num nível já tão alto pode ser um bom prenúncio para qualquer jantar, ou também pode levar à decepção. Felizmente, no Tapa Bucho Gastrobar mantemos quase sempre o mesmo nível. E logo de seguida, com o Pato estufado e desfiado, servido em Cracker de Camarão com Togarashi e Rabanete. Uma espécie de taco, mas só por causa da forma. O pato é muito saboroso e melhora com o rabanete mas o toque mais exótico é mesmo dado pelo cracker de camarão, transformando este prato num primo longínquo do surf & turf.

Tapa Bucho Gastrobar

Tapa Bucho Gastrobar

Curiosamente, o prato que nos parece mais normal é igualmente aquele que achámos… mais normal. Ou antes, menos bem conseguido. O Robalo e Camarão é servido como se fosse ceviche, mas não tem nada a ver. A marinada até pode ser aproximada, mas a alface chicória e tudo o resto estraga a simplicidade que um ceviche deve ter. Tem muitas texturas mas falta-lhe profundidade e acidez. 

Felizmente depois voltamos à mó de cima, e o responsável é o Porco! Isto é, barriga de porco, cozinhada durante 62 horas, servida com jus, bokchoy, sésamo e morcela frita em formato pipoca. Fãs assumidos de barriga de porco, este era um prato que não podia faltar, e a verdade é que é muito bom! Sabores fortes, quentes, quase de “conforto”, se o registo não fosse diferente. Mas muito bom, mesmo!

Tapa Bucho Gastrobar

Para terminar esta pequena viagem, uma opção vegetariana, não porque fica bem mas porque a descrição nos pareceu muito bem. É a Couve Coração caramelizada e com creme de queijo da ilha, cebola roxa e maçã em pickle. Vegetariano ou não, é um excelente prato, novamente muito bom a nível da diferença de texturas e da conjugação de sabores.

Tapa Bucho Gastrobar

Mesmo seguindo uma óptica de partilha de pratos, as doses são relativamente grandes, o que significa que nesta fase já estamos completamente cheios. mas, como acontece quase sempre, a sobremesa já tinha sido escolhido logo na primeira vista da carta, por isso agora não podemos dar parte fraca!

O Amendoim com creme de queijo, caramelo salgado e nata azedo é uma espécie de uns profiteroles, e aqui mudava a penas as proporções para ter menos nata azeda, porque se sobrepõe um bocado ao resto dos ingredientes. E, por outro lado, temos os Churros, numa taça com espuma de avelã e, na base uma surpresa: um sabayon de chocolate, um conjunto excelente e guloso, mesmo aquilo que precisávamos para terminar o jantar.

Tapa Bucho Gastrobar

No final do jantar, e só mesmo no final, voltamos às comparações. É inevitável, mas no final do jantar já não é por uma questão de expectativas mas sim para confirmar o que é mais importante reter no Tapa Bucho Gastrobar: ele vale pelo que é, sem o “fantasma” do Tapa Bucho original a pairar sobre ele. Porque são espaços diferentes e, acima de tudo, conceitos de comida completamente distintos. O que leva a experiências que nada têm a ver uma com a outra.

O Tapa Bucho Gastrobar ainda tem algum caminho a percorrer para se libertar de “estigmas” e ganhar o seu lugar na restauração da zona. Mas, pela amostra que tivemos (ou seja, o jantar muito bom!), parece-nos estar no bom caminho!

Preço Médio: 18€ pessoa (3 petiscos e cerveja)
Informações & Contactos:
Rua do Diário de Notícias, 122 | 1200 Lisboa | 911 889 185

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