Peixe bom. Bem grelhado. E pronto!
A minha primeira experiência no Último Porto esteve longe de ser fantástica. Atendimento lento, acompanhamentos miseráveis para todos os pratos, sangria muito má, café intragável. Houve coisas boas, é verdade, mas foi um almoço com demasiados altos e baixos, especialmente tendo em conta que o sítio é tido como uma espécie de pérola escondida… uma meca para o peixe em Lisboa. Mas a verdade é que isso foi há cerca de 3 anos, e essa visita não foi a… última (trocadilho fácil). Por diversas razões, acabei a dar por mim a atravessar a ponte móvel que separa este pequeno porto do resto da zona marítima de Lisboa, ali na zona de Santos. E a verdade é que, com o passar do tempo, fui-me habituando às coisas menos boas (que continuam como era antes) e dando maior valor ao que de bom existe no Último Porto.
Não há cá letreiros luminosos com o nome do restaurante, nada disso. Se não sabem onde é, é seguir as pessoas, ali perto da hora de almoço. Todo o tipo de pessoas, porque é essa a fauna que podemos encontrar no Último Porto: um misto de gente de fato, trabalhadores das docas, um ou outro turista (mas felizmente poucos, porque não é o sítio mais acessível do Mundo). Podemos escolher entre a esplanada, uma primeira sala tipo anexo e ainda a sala no interior do restaurante, sendo que a vista é sempre para o Tejo… mas através de grades e por trás de contentores. Nope, não é o spot mais glamouroso de Lisboa.
A existência de 3 espaços diferentes faz com que o serviço nem sempre seja ágil, e tendo em conta que a maioria dos dias o restaurante está completamente cheio, é melhor irmos mentalizados para esperar um bocado. Foi melhorando ao longo do tempo, é verdade, mas está longe de ser o serviço mais rápido ou mesmo com mais simpatia.
Mas a grelha compensa o serviço… e de que maneira! O Último Porto é um dos melhores sítios para comer peixe grelhado em Lisboa, principalmente porque quem está à frente da grelha a manuseia com mestria. O peixe é bom, sem dúvida, maioritariamente fresco, mas chega-nos à mesa bem grelhado, ainda suculento, puxado ao sal, perfeito.
Há sempre salmão, robalo e dourada, assim como espadarte ou garoupa. Na época há sardinhas, carapaus e bichos mais “em conta” a nível de valores. Tudo servido com batata cozida e grelos, acompanhamentos que não evoluíram ao longo do tempo e com os quais honestamente já nem me preocupo, porque o peixe é que vale a pena.
Mas a grelha também serve para algumas carnes, como entremeada ou entrecosto, aqui já acompanhadas com batata frita e arroz branco. Carnes servidas no ponto, bem temperadas, mas menos interessantes que os peixes, sem dúvida nenhuma.
Há ainda pratos do dia que fogem ao âmbito dos grelhados, como um excelente Bacalhau À Brás. Doses bem servidas, a preços justos. Até porque o peixe, quando fresco e bom, acaba por não ser necessariamente barato.
No final da refeição, é sempre boa ideia arriscar nas sobremesas, onde podemos encontrar um pudim de ovos bastante saboroso, um leite creme simpático e um arroz doce que é dos melhores que se comem em Lisboa. Excelente!
O café, esse continua a ser queimado… é uma coisa que não consigo compreender, mesmo depois de tanto tempo, mas já percebi que não vale a pena sofrer por causa disso. Terminamos o almoço na sobremesa e pronto.
Tendo em conta que é cada vez mais difícil encontrar restaurantes onde se possa comer um simples peixe grelhado no centro de Lisboa (os spots mais modernos preferem o formato tártaro, ceviche, taco e etc.), é bom ver que o Último Porto continua fiel ao que tem de melhor: uma excelente grelha para peixe e carne. Sem invenções, sem pratos elaborados. Porque as coisas simples geralmente acabam sempre por ser as melhores.
Preço Médio: 17€ pessoa (com cerveja e sobremesa)
Informações & Contactos:
Estação Marítima da Rocha do Conde de Óbidos | 1350-052 Lisboa | 213979498