Uma das melhores Tascas de Lisboa!
Os restaurantes são feitos pelas pessoas, e só depois pela comida. Ou seja, um restaurante é o reflexo de quem lá trabalha, da sua personalidade, da sua forma de encarar a vida. Se os donos são mais elitistas é normal que o restaurante seja mais sofisticado. Mas se, pelo contrário, forem pessoas simples, que gostam de convívio, das coisas tradicionais, de vinho da casa e comida de conforto, de petiscar numa mesa cheia de amigos… então esse restaurante vai ser O Velho Eurico.
E O Velho Eurico é uma verdadeira tasca porque o Zé Paulo, o Fábio e todo o resto daquela malta são tasqueiros! Gostam de receber, de conversar, de rir, beber uns copos e fazer a festa. E assim é impossível que esta tasca não seja das melhores que há em Lisboa!

O Velho Eurico abriu há cerca de 3 anos, um bocado antes da pandemia, e lentamente foi-se tornando numa das novas tascas mais badaladas e frequentadas de Lisboa. Abriu no local onde antes havia um restaurante tradicional chamado… adivinharam: Eurico. Que era um restaurante de bairro, com bastante história, frequentado pelos moradores mais antigos. E que depois fechou. E que então passou para as mãos de um grupo de malta nova e empreendedora, que resolveu fazer do espaço uma “tasca moderna”. Iluminação trendy, mobiliário vintage, pratos escritos num quadro de ardósia, vibe de gente nova, música ambiente… o que não caiu bem para alguns antigos clientes.


Ainda nos lembramos de, na nossa primeira visita, o Zé Paulo (um dos donos) nos ter dito que tinha sido um risco muito grande, porque os moradores da zona não gostavam nada do novo conceito. Mas a verdade é que o que sentimos quando entramos n’O Velho Eurico (e nunca tínhamos estado no anterior, no velho mesmo) é um ambiente de tasca a sério, tasca à antiga. Ok, a fauna pode ser diferente, mais jovem, com mais pinta… mas o ambiente criado especialmente pela malta da casa está lá: uma verdadeira tasca!

E uma tasca daquelas à antiga tem o quê? Bom ambiente, boa pinga e boa comida! Com o passar dos anos, o Velho Eurico foi entrando no dia a dia de muitos lisboetas e, numa era em que ninguém vive sem redes sociais, houve vários pratos do restaurante que se foram tornando famosos no Instagram. As partilhas do Arroz de Pato, do Bacalhau à Brás ou da Baba de Camelo eram frequentes e repetidas, assim como a foto da praxe de grupo de maltas à entrada, à espera de mesa, a beber copos.

Outra das coisas boas n’O Velho Eurico são os preços, que seguem mais a linha das tascas antigas do que daquelas mais modernaças. E por isso – e também pelo ambiente e pela comida – é de evitar aparecer sem reserva, porque de certeza que vão esperar um bom bocado. Mas não há grande problema com isso, porque algum dos meninos virá logo ter convosco para vos oferecer uma cerveja 🙂 E depois de sentados, é continuar a beber e comer à vontade.


Ainda que as doses sejam suficientes para uma pessoa (e com preços bastante simpáticos), aqui estamos num registo de partilha de vários pratos, pelo que a experiência em grupo funciona bem melhor. Podemos (devemos!) começar com os já famosos Pastéis de Massa Tenra de Leitão ou os Croquetes de Borrego, ambos bem recheados como se quer, ambos acompanhados de um molho delicioso, para chafurdar e lamber os dedos. Que é também o que podem e devem fazer com as Batatas Fritas com Molho de Francesinha, que são exactamente o que está descrito! Uma ideia tão simples e genial que resulta num dos snacks mais viciantes da cidade! São petiscos que entram e saem da carta, e por isso é importante fazer visitas frequentes ao O Velho Eurico!


Há sempre pratos novos a entrar na carta, porque estes meninos não se contentam com o fazer sempre a mesma coisa. Procuram receitas, mas acima de tudo querem dar-lhes novas técnicas, só que mantendo o principal: o sabor. E o sabor é rei em pratos da nova ementa do Verão de 2023, como por exemplo o Berbigão Frio (que é um Bulhão Pato de Berbigão, mas frio, e excelente!) ou o Porco com Laranja, que nos traz uma cabeça de xara cortada finíssima, acompanhada com uma salada de laranja, um petisco fantástico para dias quentes!


A lista foi mudando ao longo dos tempos, sempre seguindo a linha dos pratos tradicionais, simples, mas que são exactamente aquilo que queremos numa tasca, mesmo que nesta sua versão “moderna”. Alguns clássicos vão-se aguentando, como o Bacalhau à Brás, um dos melhores de Lisboa, exactamente como se quer: húmido, bom equilíbrio entre o bacalhau, os ovos e a batata, um bacalhau à brás à antiga, sem invenções, delicioso. Daquele tipo de pratos que agradam a clientes novos e aos que conheciam o Eurico antes, porque têm aquilo que está na base da cozinha tradicional portuguesa: sabor e simplicidade.

Perderam-se outros pratos fantásticos como o Arroz de Pato ou as Iscas de Cebolada, é verdade…

… mas somos sempre surpreendidos por coisas novas e deliciosas. É o caso da Lula com Molho de Manteiga e Laranja, um excelente exemplo de equilíbrio entre o doce e o ácido, a Galinha de Sangue, uma cabidela sem o arroz, extremamente intensa, apurada, para quem gosta de cabidela a sério, os as Moelas de Galinha, também fantásticas, e para comer com pão ao lado, porque este molho não vai para trás!



Um dos petiscos que transitou entre ementas foi o Chambão. Mas não é um chambão qualquer! Chambão em Bolo Lêvedo, que é torrado para aguentar a carne e, principalmente o molho. Sim, porque mais uma vez a ideia é sujar as mãos e molhar a sandes no molho, para ficar ainda mais gulosa e rica. É uma espécie de parente afastada da “Porcalhota”, a a bifana do Pigmeu, se quiserem. Mas isto é daquelas coisas que têm mesmo de comer n’O Velho Eurico, não podem perder!

As sobremesas não estão escritas no quadro de ardósia, é aquilo que houver no dia. Houve tempos em que tem havido Farófias, por exemplo, ou coisas ainda mais decadentes como o Pudim de Pão com Manteiga de Mel derretida e Caramelo…

… ou aquela coisa fantástica que é o Pão de Ló coberto com Doce de Ovos (com amêndoa amarga) e Amêndoas. Não há como descrever, é das melhores sobremesas de sempre!

Na nova ementa do Verão de 2023 há ainda uma Mousse de Limão que, mesmo tendo uma apresentação mais cuidada do que se esperaria, é uma sobremesa fenomenal. Equilibrada, cheia de texturas, brutal!! Uma prova de que esta malta sabe mesmo o que faz, quer seja no tradicional mesmo tradicional, ou naquele tradicional reinventado.

No final, o café pede-se com “cheirinho”, e há sempre garrafas de qualquer coisa caseira. Como numa tasca, aliás, daquelas à antiga. E é essa a comparação (ou referência, se quiserem) que mais interessa. Porque as tascas são vida! 🙂


O Velho Eurico pode continuar a ter o problema de não agradar a quem conhecia o restaurante antigo, mas em relação a isso não se pode fazer mais do que tentar oferecer boa comida e bom serviço. E isso acontece, por isso, mesmo que a comida não seja servida em doses grandes e travessas de inox, há aqui material para agradar aos habitantes mais antigos da zona. Quanto aos outros, a malta mais jovens, os estrangeiros, toda a gente que gosta deste ambiente (e comida) de tasca moderna, esses estão completamente fidelizados e fizeram desta tasca um dos spots mais frequentados de Lisboa. Porque estes miúdos sabem mesmo o que fazem!

No dias de hoje, é difícil conseguir uma mesa, e a lista de reservas às vezes chega aos 2 meses. E a razão é mesmo muito simples: O Velho Eurico consegue manter-se sempre actual e cheio porque é, acima de tudo um espaço honesto, com serviço simpático, preços aceitáveis e comida simples e excelente. Tudo aquilo que se quer numa tasca.
Preço Médio: 25€ pessoa (com vinho e vários pratos a dividir)
Informações & Contactos:
Largo de São Cristóvão, 3 | 1100-513 Lisboa | Reservas por DM no Instagram
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