A fama traz sempre concessões…
Este é um daqueles reviews que fomos “obrigados” a alterar, desde a primeira vez que o escrevemos. Isto porque há restaurantes que acabamos por ir visitando muitas vezes ao longo dos anos e, se é verdade que sobre alguns mantemos a mesma opinião desde o início, há também outros que nos vão ou surpreendendo cada vez mais… ou desiludindo gradualmente.
No início, quando a Zero Zero abriu no Príncipe Real, não conseguimos perceber o hipe imediato que o restaurante teve. Ao ponto de não se conseguir arranjar mesa, até porque não aceitavam reservas. Tentámos várias vezes, desistimos, voltámos a tentar num dia de semana às 19h e lá conseguimos. Na altura gostámos, mais das pizzas do que do resto, mas escrevemos logo que nada do que provámos no restaurante justificava duas horas de espera. E a verdade é que justifica cada vez menos…
Com o passar dos anos a Zero Zero abriu um espaço maior no Parque das Nações, e acabou por se tornar uma escolha mais ou menos regular quando andávamos pela zona. Por isso, tivemos a oportunidade de ver a evolução… descendente do restaurante, a nível da qualidade da comida e especialmente ao nível do serviço. Ainda assim, sempre cheio, e sempre confuso.
E se no início insistimos na ideia que as pizzas eram muito boas, mais do que tudo o resto, o que foi acontecendo ao longo do tempo é que a passagem do tempo fez com que tudo baixasse um bocado a qualidade. O que fez com que visitas recentes fossem efectivamente bastante fraquinhas, a todos os níveis.
A Zero Zero do Parque das Nações tem uma sala muito maior do que a do Príncipe Real, e uma esplanada do dobro do tamanho. Por isso seria de esperar que fosse fácil arranjar mesa… só que não. As reservas estão limitas a um número de mesas, e depois é o caos completo: chegar, esperar por mesa… e rezar para não demorar muito tempo. Mas o piro nem é isso! O pior é que temos um empregado para cada secção tanto da esplanada como da sala, e essa secção representa um conjunto de 12 ou mais mesas, com pelo menos 4 pessoas por mesa, todas a pedir mais ou menos ao mesmo tempo. Estão a ver onde queremos chegar? É o caos completo, é uma desorganização que podia ser evitada… e isso resulta num serviço mais lento do que devia.
Mas é só mesmo o atendimento em si que é lento, porque depois de feitos os pedidos, a cozinha é rápida. Muito rápida! Ao ponto de as entradas chegarem à mesa menos de 5 minutos antes dos pratos principais. Estamos a imaginar a cozinha: “Dispara tudo dessa mesa, pá, que se lixe, despacha isso!!!” Podemos estar a exagerar, mas é o que sentimos na mesa.
Nas entradas, ainda estamos mais ou menos bem. Os Arancini não melhoraram nem pioraram desde a primeira vez que os provámos, logo na primeira visita. Não são excelentes, mas não são nada maus. E o Carpaccio também não é mau, ainda que um bocado seco. O que tem vindo a piorar são as Bruschettas, principalmente por causa do pão, cada vez menos torrado.
Depois, os pratos principais… que têm piorado em qualidade quase na mesma proporção que têm aumentado em preço. Um jantar na Zero Zero nunca foi especialmente barato, mas agora está um absurdo, com a maior parte das pizzas e pastas a custarem mais de 15€. E algumas muito mais. Como por exemplo esta Pizza Tartufi e Porcini, com cogumelos e trufa (ou azeite de…). Felizmente temos sempre a Pizza Diavola, que mesmo diminuindo a qualidade nunca fica completamente má, desde que os ingredientes continuem bons.
Se as pizzas ainda merecem algum destaque, o mesmo já não sentimos com as pastas. E é verdade que pode ter simplesmente a ver com o facto de termos cada vez mais restaurantes italianos em Lisboa que servem pasta fresca com muita qualidade, e a Zero Zero fica a perder na comparação. Por exemplo, na foto em baixo está o Ravioli di Ricotta e Spinaci, que para além de vir servido com um exagero de molho de tomate, peca mesmo pelo recheio dos raviolis, uma pasta sem graça nenhuma. Todo o prato só sabe a tomate, o que não faz qualquer sentido.
Pior ainda é o Risotto de Funghi e Tartufo Nero, e por várias razões: primeiro, porque de trufa tem basicamente a pequena rodela que se vê no cimo do prato, mais nada, nem um saborzito dado pela utilização de azeite trufado; depois, e pior do que a falta de trufa, isto é um arroz de cogumelos, não tem nada a ver com o que devia ser um risotto… o arroz não está envolvido em queijo, não está cremoso, enfim, falta-lhe muito para ser um risotto. Especialmente um risotto de 20€.
As sobremesas desde o início que nos chamam sempre a atenção, pelas suas descrições, e por isso nunca resistimos. E ainda bem! O Mil-Folhas de Caramelo Salgado é bastante interessante e muito bem servido, a Panna Cotta é muito boa, com a textura e sabor certos (sem ser demasiado gelatinosa ou doce), o Tiramisù cumpre bem o seu papel, ainda que o empratamento num copo de cocktail seja um bocado ultrapassado.
Mas a sobremesa mais interessante de todas é a Crostata di Fragole e Crema Al Lomincello. No fundo, uma pequena tartelette de morango, boa textura e muito bom o topping, acompanhada por uma espécie de mousse de natas e limoncello completamente viciante. Muito bom!!!
Sim, são tudo opiniões. E se a Zero Zero está sempre cheia (tanto a do Parque das Nações como a do Príncipe Real), é porque há muita gente com opinião diferente da nossa. É a vida. Para nós, tem vindo a perder o interesse e a qualidade, e com os preços a aumentarem, é preciso muito mais. Especialmente se ainda tiverem de ficar à espera de mesa…
Preço Médio: 25€ pessoa (com cerveja)
Informações & Contactos:
(Príncipe Real) Rua da Escola Politécnica, 32 | 1250-102 Lisboa | 213420091
(Parque das Nações) Alameda dos Oceanos, Lote 2.11.01H | 1990-225 Lisboa | 21 895 70 16