A boa comida não precisa de bons empratamentos!
É sempre difícil falar sobre mexicanos. Os restaurantes, não as pessoas. Porque tenho sempre mixed feelings, e com excepção feita ao (maravilhoso!) Pistola Y Corazón, sinto sempre que são um pequeno flop. Especialmente por causa da comida, que na generalidade dos casos é pré-formatada, acabando por se tornar mais aceitável consoante o número de margueritas que vamos bebendo. Há mexicanos com decorações trendy, há outros com empratamentos fora do comum, há os mais clássicos ideais para grupos, enfim, há de tudo (mesmo tendo em conta que são poucos). Mas a comida nunca me enche as medidas…
Ora, conheci o Hacienda D. Luísa quando ainda estavam no Freeport, em Alcochete. O espaço era muito grande e por isso um pouco despersonalizado, mas a verdade é que o outlet também não ajudava nada. Por isso, foi interessante começar a ouvir falar novamente do restaurante, agora em Odivelas. Foi-nos sugerido algumas vezes, de forma espontânea, tanto por seguidores como por amigos que moram na zona. E como nunca dizemos não a um mexicano, resolvemos dar um saltinho a Odivelas, ao bairro das Colinas do Cruzeiro, numa sexta-feira à noite. Plano perfeito, hein?
O primeiro impacto é o mesmo que em todos os mexicanos, a decoração colorida e com apontamentos cliché, nada de quadros fashion. E o segundo impacto é estranho, quando percebemos que o serviço é completamente masculino, mas não jovens adolescentes e sim 5 “homens feitos”. Não há aqui qualquer juizo de valor, é apenas diferente do habitual. Até porque rapidamente percebemos que o serviço é extremamente competente e rápido, com simpatia e vontade de explicar os pratos e o seu porquê.
Olhamos para a lista, mas antes adiantamo-nos e pedimos logo um jarro de marguerita (claro! mas havia dúvidas acerca disso?!). Boa, com álcool qb, em versão granizado. O jarro dá para 4 copos, o que também é uma diferença para o que nos é servido noutros mexicanos (onde parece que as margueritas são servidas em copos de shot).
Por recomendação, começamos com um misto de entradas, o Misto Loco (tem taquitos, asas de frango, nuggets, jalapeños e chips), tudo frito, “porque no México se frita tudo”, explica um dos donos. É uma overdose de fritos, mas o guacamole é bom e as margueritas ajudam a empurrar tudo para baixo.
De seguida, os pratos: por um lado, temos o Taco El Capo (frango, ananás, banana e queijo), bem recheados os tacos e com um contraste interessante entre o doce e o salgado; por outro lado, temos o clássico (e inevitável, pelo menos para mim!) Chili con Carne, nada sedutor à vista mas servido numa dose gigante, carne bem temperada, picante no ponto, arroz perfeito. Não são pratos bonitos, quando chegam à mesa… mas são pratos vazios quando voltam para a cozinha. Comida boa é assim.
Para sobremesas, ainda que já estivessemos cheios, uma mousse de maracujá normalíssima e um pudim de cajeta, que é basicamente um doce de leite, versão mexicana.
À medida que a refeição termina, percebemos que é tudo uma questão de colocar as coisas em perspectiva. Se calhar estamos apenas demasiado habituados a restaurantes no centro de Lisboa (mexicanos ou não), onde a decoração tem de ser trendy (toda igual), os empregados parecem ter saído de um catálogo de agência de modelos (o que depois se reflete no serviço) e a comida tem de ter um twist “modernaço” (seja na apresentação ou na confeção).
O Hacienda D. Luísa é a antítese disso: um restaurante de bairro, onde todos se conhecem, despretencioso na decoração, com um serviço simpático, competente e rápido e, acima de tudo, como comida bem feita, onde a preocupação está no sabor e não na apresentação. E honestamente, para nós está muito bem assim! Mexicano ou outra coisa qualquer, a melhor característica que um restaurante deve ter é ser genuíno e verdadeiro. Por isso é que aqui no Hacienda D. Luísa não há artifícios: é boa comida servida por boa gente.
Preço Médio: 16€ (com Marguerita)
Informações & Contactos:
Rua Fernando Namora | Colinas do Cruzeiro, Odivelas | 219330019
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