Jantar neste Palácio não é tão “glamoroso” como seria de esperar…
Muito se falou da abertura deste Palácio do Chiado (nós incluídos), na Rua do Alecrim, mesmo antes de chegar ao Largo de Camões. Nós achámos muito interessante a ideia de aproveitar um edifício histórico para criar um novo espaço de restauração nesta zona da cidade, e tanto as fotos que fomos vendo do local como os restaurantes que lá abriram prometiam. Mas bastou uma visita para perceber tudo o que não resulta no Palácio do Chiado.
O porteiro à porta, para entregar o cartão de consumo, faz com que nem toda a gente entre. Não porque impeçam alguém de entrar, mas apenas porque algumas pessoas sentem-se inibidas. Honestamente ainda bem, senão o caos seria ainda maior.
O espaço em si é lindíssimo, principalmente o piso superior, onde podemos ver as pinturas nas paredes e nos tectos ou as magníficas peças de decoração. Se há uma coisa que resulta neste Palácio do Chiado, é a integração dos restaurantes nas salas, porque se encaixam na perfeição nos ambientes (novamente, isto é mais visível no piso superior).
O grande problema do Palácio do Chiado é que o espaço é claramente demasiado pequeno para receber muita gente, e isso torna a experiência bastante desagradável. Na verdade estamos num registo de foodcourt ou mercado moderno, ou seja, temos de andar a “lutar” por uma mesa, com o tabuleiro na mão. Há poucas mesas, ainda que o espaço não permita ter mais, e a ideia é promover a rotatividade, por isso os empregados estão constantemente a tentar levantar coisas da mesa. Com simpatia, é verdade, mas a “despachar”.
Talvez por estas questões tenhamos visto imensa gente a entrar, dar uma pequena volta e voltar a sair. Enfim…
Mas e então o que se come no Palácio do Chiado?
MEAT BAR
Do grupo Atalho (donos do fantástico Atalho Real, vejam aqui a nossa opinião), este espaço tem basicamente um resumo da oferta que existe nos outros espaços da marca. Ou seja, carne, com vários cortes diferentes. Mas optámos por ficar pelo tártaro de novilho, que é bastante desinteressante. Não só a gema de ovo que o acompanha está completamente solidificada, ao ponto de não se incorporar com a carne quando misturamos tudo, como a própria carne está pouco apurada, falta-lhe sabor… A dose é grande, mas essa falta de sabor torna este tártaro simplesmente enfadonho de comer.
PÁTEO DO PETISCO
Directamente de Cascais (vejam aqui o que achámos do Páteo do Petisco) para o Chiado, estes senhores são especializados em petiscos. Ementa em modo best of, daqui experimentamos duas coisas: os ovos rotos, onde o ovo estrelado está seco e por isso a mistura perde um bocado o interesse; e os peixinhos da horta, estes bastante melhores e acompanhados de um molho guloso.
BURGERS & FEIKES
O canto dos hambúrgueres, que não podiam faltar, é da responsabilidade do U-Try (que começaram no Mercado de Campo de Ourique e dos quais também já aqui falámos). Aqui há hambúrgueres e os chamados “feikes” que são sandes de coisas diferentes. A nossa escolha foi para o Tuna, um pão branco óptimo com atum braseado, abacate e ovo de codorniz, uma combinação excelente e gulosa, que quebra de maneira perfeita a monotonia dos hambúrgueres.
LOCAL – YOUR HEALTHY KITCHEN
Por fim, o cantinho de comida saudável no meio de carnes, hambúrgueres e petiscos. Talvez por isso, e por ser o que tem a montra mais escondida e menos coisas em exposição, seja também o que tem menos gente à volta.
Daqui provámos uma sopa de beterraba, batata doce e côco, uma delícia! Espessa, com a batata doce a atenuar um pouco o sabor a terra e o côco a dar-lhe um toque final excelente!
E foi também aqui que voltámos para as sobremesas: um pudim de chia e manga muito interessante e uma mousse de abacate, cacau e morango, uma brutalidade de tão boa que é!
Estes são os 4 espaços encaixados na zona chamada de Cozinha, um espaço que é demasiado pequeno. E isso sente-se especialmente quando há pessoas a ver. Ou seja, é bastante desconfortável e nada conveniente para os clientes.
Ainda assim, os restaurantes do piso de baixo são as opções mais baratas das 7 que existem no Palácio. No piso superior temos os espaços mais “gourmet”. Ou seja, mais caros. O Sushic é o único que funciona como restaurante stand alone, por isso deixamos para outra visita.
DELISBON
Espaço dedicado a queijos e enchidos, com preços um pouco acima da média quando temos de comer ao balcão. Pouca gente ao dito balcão, a comer tábuas mistas de queijos e enchidos.
ESPUMANTARIA DO MAR
Ostras não são a nossa praia, mas estávamos de olho nas vieiras. Ora, azar o nosso, neste dia não havia vieiras, nem para o carpaccio nem simplesmente coradas. Estranho, quando representam tipo um terço da carta do restaurante… Um bocado desiludidos, pedimos só uns chips de mandioca com queijo da serra, que se revelou um snack interessante.
Interessante também é esta sala, com um balcão central e um enorme leão dourado suspenso do tecto. Aqui temos realmente a sensação de estar num palácio.
No final de contas, o Palácio do Chiado acaba por ser um sítio giro para ir visitar, mais pelo espaço em si do que pela comida, que não tem ofertas assim tão surpreendentes. E aquilo que o faz destacar-se – o espaço – é também aquilo que o Palácio do Chiado tem de menos bom. No fundo é uma “luta de tabuleiros por uma mesa livre” mas com uma envolvente diferente.
Preço Médio: (depende muito do que se comer, mas os pratos oscilam entre os 3€ e os 20€)
Informações & Contactos:
Rua do Alecrim, 70 | 1200-018 Lisboa | 21 010 1184
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