Hambúrgueres com história… e um serviço para esquecer!
Pois que vai começar mais uma temporada do Pesadelo Na Cozinha, com o Chef Ljubomir Stanisic… e nós já fomos conhecer o restaurante do primeiro episódio! A “vítima” é o restaurante Apple House, perto do Campo Pequeno, uma das primeiras hamburguerias de Lisboa (provavelmente mesmo a primeira). E por isso, à semelhança do que já fizemos antes com outros espaços, resolvemos ir até ao Apple House ainda antes do Pesadelo na Cozinha ser transmitido.
Este exercício é sempre divertido, no mínimo, ainda que no caso do Apple House seja ligeiramente diferente. Os outros restaurantes que visitámos nas temporadas anteriores do programa eram-nos completamente desconhecidos… mas este não. Já conhecíamos o Apple House de almoços quando trabalhávamos na zona, e até já tínhamos uma opinião formada. Não inteiramente positiva, diga-se…
O “antigo” Apple House foi a nossa primeira introdução ao conceito de hamburgueria “americanizada”, ou seja, uma espécie de dinner sem ser tão “in you face” como os que depois foram abrindo. O espaço era extremamente escuro e despersonalizado, sem grande charme… nem interesse. A decoração “americana” passava por quadros nas paredes com temas relacionados com Hollywood e também pelos nomes de alguns dos hambúrgueres. A carta tinha ainda várias pizzas e até uma francesinha… vá-se lá saber porquê. As pizzas muito sofríveis, os hambúrgueres melhores mas nada inovadores, sem nada que os fizesse sequer aproximar-se das ofertas das novas hamburguerias que foram abrindo por Lisboa. No fundo, o gancho era mesmo ter sido das primeiras hamburguerias… porque de resto era um espaço parado no tempo.
Ora, na nossa recente visita conseguimos perceber de imediato qual foi uma das maiores intervenções do programa: o espaço e o ambiente. Este novo ambiente que o restaurante tem está muito apoiado na iluminação, que deixou de ser tão baixa como era antes e agora está simplesmente mais clara, demasiado clara e branca. Parece que entramos numa cozinha, não há iluminação seccionada, é tudo branco. A nível de decoração, deixámos de ter os quadros com alusão a filmes de Hollywood nas paredes, que agora foram substituídos por outros quadros mais genéricos mas ainda relacionados com os EUA. Como este que podem ver na foto em baixo, bastante sugestivo:
E sugestivo porquê? Porque representa uma analogia perfeita para o serviço do Apple House… só que não. Não sabendo ainda o que o Chef Ljubomir vai dizer no programa de Domingo, nós tivemos um serviço a roçar o surreal. A mesa onde nos disseram para sentar não estava completamente montada (nem esteve durante a refeição, tivemos de pedir alguns talheres), quando pedimos uma carta de bebidas disseram-nos assim por alto os refrigerantes que tinham, assim meio ao calhas. Depois pedimos uma carta de vinhos, que nos disseram não ter… “mas os vinhos da casa são muito bons!” E quais são, perguntamos… mas a menina não sabe bem, e o patrão está quase a chegar por isso ele depois explica. Nem sabe os preços… Ok…
Passamos por cima disso e pedimos o couvert e também uma pizza e um hambúrguer, para provar as duas tipologias da carta. Só um bocado depois é que nos vêm informar que não há couvert, que ainda vai demorar a fazer e por isso não vale a pena. Malta, estamos a falar de uma focaccia, gressinos, uma manteiga de ervas e um tapenade. Só isso. O que é que ainda demora a fazer? E que restaurante é que não tem o couvert pronto?! Espero que não tenham dito o mesmo ao senhor Stanisic…
Felizmente os pratos chegam rapidamente. E aqui temos mixed feelings. A Pizza Funghi e Prosciutto tem ingredientes claramente de pacote, e suspeitamos que também o próprio molho de tomate. Mas o principal problema é a massa, que não tem sabor nenhum. É fina sem ser demasiado fina, mas não sabe a rigorosamente nada. E isso torna a pizza um bocado desinteressante. Como antes…
Por outro lado, o Apple Burger é uma agradável surpresa. Tem carne de vaca, queijo Cheddar, bacon, tomate grelhado, alface, cebola frita e um chutney de maçã que não conseguimos encontrar, mas o principal – a carne – é suculenta e está bem temperada. O pão está frio, mas não se pode ter tudo. Mais uma vez, não há nenhuma novidade aqui, não há nada surpreendente, ainda que esteja bem executado. Mas por quase 10€, deveria ter um factor diferenciador…
As sobremesas também não são nos trazem qualquer surpresa, e a Mousse de Ricotta com Maracujá traz-nos mesmo uma má execução. A mousse em si não sabe a rigorosamente nada, e a camada de molho de maracujá em cima é claramente industrial. O Tiramisu é melhor, mesmo que isso não seja dizer muito porque a mousse é péssima.
No final, a opinião que temos acerca do Apple Burger alterou-se apenas no que respeita ao espaço. A intervenção do Pesadelo na Cozinha fez uma espécie de operação plástica ao restaurante, mas não parece ter mudado muito no seu core. A comida tem (demasiados) altos e baixos e não parece estar à altura dos preços nem da imensa concorrência.
Ou seja, mesmo ganhando um prémio de antiguidade e mesmo considerando a sua história, o “novo” Apple Burger tem de se adaptar às tendências mais recentes neste segmento (a nível de ingredientes, de apresentação e de comunicação). E tem de melhorar bastante o serviço. Senão não vai demorar muito até se transformar novamente num Pesadelo…
Preço Médio: 15€ pessoa (com refrigerante e sobremesa)
Avenida Elias Garcia, 19 B | 1000-147 Lisboa | 21 797 5575