KOOK CHIADO

Há um cozido excelente onde falta um conceito definido.

Eu sei que é repetitivo, mas continuo a insistir a falta de conceito de alguns restaurantes. Porque se por um lado temos tascas e no pólo oposto temos restaurantes de autor, o grupo gigante que fica ali no meio tem de se destacar por alguma coisa. E se é cada vez menos pelo espaço/decoração e também a nível de comida também já se mistura tudo, então o conceito do restaurante deveria ser verdadeiramente determinante para uns se destacarem dos outros.

Aquilo que senti no Kook Chiado é que ainda precisam de algum tempo para aperfeiçoar vários pormenores, que podem vir a fazer com que se destaquem do resto dos restaurantes do mesmo género um pouco por toda a cidade. Mas para isso é preciso “fechar” um conceito para o restaurante, um conceito que o torne diferente.
Porque não se sente essa diferença quando se entra no restaurante, com decoração minimalista igual à grande maioria dos restaurantes deste “price range”, ou no serviço, que sendo simpático acaba por ter o mesmo problema que noutros restaurantes novos, o às vezes ser demasiado descontraído. Nem tão pouco a lista me mostra uma linha condutora que se distinga dos seus (muitos) concorrentes.

Aliás, a lista é uma das principais razões para não se perceber o que é o Kook Chiado, porque temos sushi, petiscos e ainda pratos com inspiração portuguesa (a atirar para o sofisticado). Ou seja, as tendências correntes na restauração em Lisboa (só aqui faltam opções de burguers).
Compreendo a ideia por trás disto, que é dar opções às pessoas quando vão jantar, mas também acho sempre que quando tentas fazer de tudo um pouco, é inevitável que disperses a atenção e não sejas muito bom em nada. Ou seja, muitos altos e baixos…

kook chiado restaurante lisboa sushi 2

No couvert, o ponto alto é o hummus de tremoço, muito interessante e inovador. Mas depois o carpaccio de polvo é normalíssimo e, a seguir, a meia desfeita e bacalhau é demasiado aguada e por isso o bacalhau fica sem sabor. Passadas as entradas, chega à mesa um combinado de sushi e sashimi, onde dá para perceber a qualidade do peixe mas onde também nada é verdadeiramente diferente ou surpreendente…
Mas se calhar as surpresas estavam guardadas par ao fim da refeição: o kozido kook, uma reinvenção excelente do cozido à portuguesa tradicional, onde o empratamento faz toda a diferença – como podem ver na fotografia, as carnes e enchidos formam um bloco, enquanto os legumes formam outro, tornando um prato que normalmente é um amontoado de coisas em algo muito mais interessante. E como se isso não bastasse, os sabores estão lá todos! Perfeito!

E ainda houve outra surpresa, o arroz doce, novamente uma reinvenção, com o arroz frito em pequenas bolas, acompanhado de de creme de maracujá e gelado de mojito – menos bem conseguido no seu conjunto, mas ainda assim muito diferente do habitual e com bons sabores, por isso marca pontos.

Termino a refeição e fico a pensar se não seria mais interessante para o restaurante investir nos pratos de reinvenção, que realmente se destacam dos restantes na lista. Porque assim marcavam um território específico, sem tentar agradar a todo o tipo de gostos.
Porque é esse conceito diferenciador que vai determinar quais os restaurantes que se tornam referência daqueles que simplesmente tentam sobreviver.

Preço Médio: 30€ pessoa (com vinho)

Informações & Contactos:
Rua Vitor Cordon, nº 26 | 1200-484 Lisboa | 213460451

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