Uma grande descoberta!
É muito engraçado conhecer restaurantes novos… mas que são novos só para mim. Porque depois percebo que são clássicos habituais de gente de todo o País, e percebe-se porquê. Restaurantes onde não só a comida é excelente, como tudo o resto nos faz sentir bem, como se fôssemos clientes de longa data, amigos da casa.
É a esse tipo de restaurantes que volto sempre que posso.
A verdade é que fui ter ao Porto Santana (ou Tasca do Gino, mas já volto a esse assunto) quase por acaso. Ou, pelo menos, não foi a primeira escolha. Deslocação em trabalho para Alcácer do Sal, activar lista de contactos para decidir onde jantar… e as três primeiras opções estavam fechadas (uma por folga, as outras duas definitivamente, por causa da pandemia). Já sem grande paciência para procurar, faço aquilo que habitualmente evito, que é perguntar no hotel onde estou hospedado sobre um sítio para ir jantar. Mas um sítio que não seja turístico, onde os locais vão. A resposta foi imediata: o Porto Santana.
O Porto Santana é então também conhecido por Tasca do Gino, como podemos ver no próprio luminoso exterior. De tasca tem pouco, pelo menos a nível de espaço (e de preços também), mas não deixamos de sentir um feeling caseiro, de restaurante tradicional. E o serviço ajuda em muito nisso mesmo, porque nos recebe bem e acaba por nos fazer sentir em casa o tempo todo. Há sempre uma palavra, uma preocupação, um querer saber a opinião, de forma simpática e divertida. Percebemos que há clientes mais habituais que outros, mas acabamos a fazer parte da mesma família.
Isto tudo fez-me logo gostar do Porto Santana, mas depois chegou a ementa. E aqui começaram as grande indecisões! Porque quero provar a grande maioria dos pratos, tão simples como isso. E mesmo deixando de parte as opções de grelha, sem motivo nenhum em especial, os restantes pratos parecem mesmo interessantes. Por isso, no primeiro jantar resolvo pedir dois, ainda que esteja sozinho, mas em doses mais pequenas, para poder provar. O primeiro a chegar à mesa são as Burras no Forno, literalmente de cortar à colher, a carne deliciosa e tenra, o molho fantástico. Queria só provar, mas acabei a comer tudo. O que se há-de fazer?
Depois, um dos pratos recomendados: Filetes de Peixe-Galo com Açorda de Ovas. Peixe bem frito, ainda suculento por dentro como se quer… mas o destaque é mesmo a açorda, que é das melhores que já provei! A textura, o sabor, tudo perfeito! Comia só a açorda, sem mais nada!
Terminado o jantar, mesmo bastante cheio fiquei a “salivar” por muitos outros pratos da lista. Por isso, e ao contrário que faço habitualmente que é experimentar restaurantes diferentes, regressei ao Porto Santana logo no almoço do dia seguinte. E – feliz coincidência – apareceu também o Frederico Pombares, amigo de longas almoçaradas. O que é que isso significa? Que deu para experimentar ainda mais coisas! 🙂
Começando logo pela Sopa de Bacalhau à Alentejana, vulgo Açorda. É isso mesmo, uma açorda à alentejana, aqui muito bem apurada e fresca, com muito pão e muito bacalhau, dois ovos escalfados na perfeição. Uma sopa que ombreia na boa com muitas que já comemos no interior do Alentejo. Também muito bons estavam os Pézinhos de Coentrada, com o molho espesso e cheio de colagénio, bem acompanhados por pão torrado (porque tudo fica melhor acompanhado de pão, não é verdade?).
Experimentámos ainda outro dos pratos que me tinha ficado na retina na noite anterior: as Migas de Linguiça com Carne de Alguidar. Sou fã de migas alentejanas (e das ribatejanas também, na verdade), por isso não podia deixar passar umas de linguiça. Podiam saber mais à dita, mas são na mesma umas migas muito boas, não demasiado secas. E a carne de alguidar estava apuradíssima, bem cozinhada, tenra. Outro prato tipicamente alentejano, de conforto, excelente!
Também as sobremesas chamam a atenção, estas escritas num quadro na parede e não na ementa, quase todas num registo conventual: o Bolo de Mel e Noz é mais cremoso do que seria de esperar mas muito saboroso; a Sericaia também deixaria orgulhosa qualquer avó alentejana; e aquela que não conhecíamos, o Tecolameco, que é uma espécie de sopa dourada com uns toques de amêndoa, servida com uma fatia de lima que, quando a esprememos sobre esta pasta, acaba por lhe dar um sabor mais exótico. Muito interessante 🙂
Terminada a segunda refeição de seguida no Porto Santana, senti que já fazia parte da casa. Ou, melhor, fizeram-me sentir parte da casa. Mesmo sem o aspecto de tasca que o nome do restaurante promete (ou, pelo menos, um dos nomes do restaurante), há no Porto Santana um feeling de tasca a sério. E o que há também é muita comida boa, daquela que nos faz voltar frequentemente quando andarmos na zona. Ou ir lá de propósito, vá 😉
Preço Médio: 18€ pessoa (com vinho da casa)
Informações & Contactos:
Senhora Santana | 7580-520 Alcácer do Sal | 265 622 517
Sem dúvida um dos melhores restaurantes de Alcácer do Sal. Se me permite a sugestão, numa próxima experimente “A Papinha”, é uma maravilha. Com uma boa cozinha e variedade enorme de petiscos, alguns tipicamente alentejanos, é também onde se come o melhor marisco da região.
Obrigado pela dica!!