Aquele restaurante onde tudo é “normal…”
É recorrente escrever sobre restaurantes “normais”. Restaurantes onde vamos e que não são surpreendentes nem se destacam por nada em especial, mas que também não são maus nem a nossa experiência se pautou pela negativa. Sei lá, são efectivamente restaurantes só normais, que ficam naquele meio termo irritante e, pior do que isso, acabam por não ficar na memória.
Só mesmo no final do jantar é que percebemos que o Terceiro Sentido Bistrô é deste tipo de restaurantes. Porque, à entrada, não temos essa noção. Aliás, o primeiro impacto que temos é mesmo de um restaurante completamente vazio, às 20h30, num Sábado. Durante o tempo do nosso jantar ainda foram ocupadas mais duas mesas, mas parece-nos pouco para este dia da semana.
Um restaurante completamente vazio às 20h30 de um Sábado…
E a verdade é que, mesmo estando neste registo de restaurante “normal”, não há nada de errado no Terceiro Sentido Bistrô. O restaurante fica mesmo perto da rotunda do Marquês de Pombal, numa rua de sentido único que talvez o torne um pouco escondido. Esplanada na rua e um espaço interior relativamente simples, com pouca decoração, alguns quadros de bom gosto, cadeirões e sofás para um toque mais sofisticado. Ficaria ainda mais sofisticado (ou pelo menos mais “romântico”) se a iluminação fosse mais direccionada e não tão clara, mas pronto.
Sendo os primeiros e únicos clientes, durante algum tempo temos a atenção toda do serviço para nós, mas sem ser intrusivo, o que já é muito positivo tendo em conta o que se encontra por Lisboa. Isso dá-nos oportunidade de pedir algumas sugestões sobre o que jantar, mesmo que já tenhamos algumas coisas em mente. A ementa tem uma ou outra surpresa mas, no geral, apresenta-nos pratos conhecidos, num registo de tentar agradar um pouco a toda a gente. Resolvemos pedir vários petiscos e depois partilhar um corte de carne.
A ementa tenta agradar um pouco a toda a gente.
E, para começar por aí, pedimos o Entrecôte Maturado, acompanhado com batatas assadas e espinafres salteados. Ainda que um bocadinho fora do ponto, a carne é boa e está bem temperada, o que é logo um ponto muito positivo. Por outro lado, os espinafres transformaram-se em esparregado, sofrível por sinal. Melhores as batatas assadas, ainda que fosse de esperar um pouco mais de criatividade nos acompanhamentos e mesmo na apresentação.
Antes da carne, os petiscos, que também são bem servidos, fazendo com que baste dividir um prato. Destes petiscos, começam por chegar à mesa as Gambas à Guilho, carnudas, com um molho que podia estar mais “puxadinho” para molhar o pão que sobrou do couvert. Ao mesmo tempo, um Tártaro de Robalo, um pouco empapado demais, ainda que seja um prato fresco onde tudo faz sentido.
O melhor das entradas é o Bife Tártaro.
O que ainda assim se destaca um pouco do resto nas entradas é o Bife Tártaro, que também é o mais seguro de todos os pratos que pedimos de entrada. Longe de ser o melhor tártaro que já comemos, mas também longe de ser o pior, fica ali no meio. A carne podia estar mais condimentada, e a alface de pacote não está lá a fazer nada…
Lá está: não há nada verdadeiramente mau… mas também nada é excelente ao ponto de nos fazer recordar uns dias depois. Nem as sobremesas, das quais escolhemos o Cheesecake que tecnicamente está bem executado, sem nada a apontar, e o Crème Brûlée, um pouco sólido e granulado demais para o meu gosto, mas ainda assim saboroso.
Os preços não são caros (para esta zona de Lisboa), e realmente as doses são bem servidas. A principal questão é mesmo a falta daquele “algo mais” que faz restaurantes como este destacarem-se dos outros. Porque se não é a ementa nem o conceito do espaço nem a decoração nem os empratamentos… e se a comida, na sua generalidade, também não surpreende… então o que me faz escolher o Terceiro Sentido Bistrô em detrimento de outro restaurante qualquer? A proximidade e conveniência? Pois se calhar…
Preço Médio: 25€ pessoa (com vinho)
Informações & Contactos:
Avenida Sidónio Pais, 4 | 1050-214 Lisboa | 910 452 918
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