Uma viagem inesquecível!
Se é verdade que tentamos não repetir restaurantes, também é verdade que não nos importamos nada de repetir Chefs. Ou, se preferirem, seguir alguns Chefs, à medida que vão passando de um restaurante para o outro. Porque gostamos daquilo que fazem e porque queremos sempre perceber as diferenças entre as suas propostas. Um desses Chefs é o Lucas Azevedo, que já “conhecemos” do tempo do Bonsai (um dos mais antigos e melhores restaurantes japoneses de Lisboa). Depois, no início deste ano, o Chef Lucas criou o Izakaya Tokkuri Pop-Up com o Chef Vitor Adão, aquele que foi – sem sombra de dúvida – um dos projectos mais interessantes do ano (e podem ler aqui aquilo que escrevemos). Por isso, quando esse pop-up terminou, ficámos à espera de saber quais os próximos passos do Chef. Até que, há poucos meses atrás, começámos a ouvir falar do Harmonia by Sake Miko.
O projecto do Chef Lucas no Sake Miko é novamente um pop-up, mas aqui a solo. E, ao contrário do experimentalismo que existia no pop-up do Tokkuri, aqui estamos num registo de comida japonesa mais tradicional, acompanhada pela bebida alcoólica mais conhecida no Japão. Ou seja, uma relação perfeita: comida japonesa + saké. Não há que enganar.
Ora, aquilo que acontece aos jantares no Harmonia by Sake Miko é uma experiência fora de série, única, maravilhosa! O Chef Lucas serve um Omakase Menu (que é uma espécie de menu de degustação, com pratos sempre escolhidos pelo Chef) e mostra-nos que a gastronomia japonesa é muito mais do que apenas sushi e sashimi. E fá-lo de forma delicada e ao mesmo tempo intensa: delicada pelo cuidado extremo que existe na apresentação de cada prato e na relação perfeita entre as louça utilizada e todos os ingredientes; e intensa pela conjugação de sabores que nos é proporcionada, com cada um dos momentos deste menu a representar uma nova descoberta.
O menu mais completo tem 6 momentos descritos na ementa, mas muitos mais servidos à mesa. São duas horas de jantar, sem pressas, com cada prato a aparecer à nossa frente no momento ideal, com uma explicação e uma história por trás. O Chef Lucas é um apaixonado pelo Japão e isso percebe-se claramente no seu discurso, no respeito que nos transmite pela cultura e pela gastronomia. O que torna toda a experiência ainda mais marcante. Como podemos ver nas fotos seguintes, momento a momento:
Não vamos sequer tentar fazer uma descrição dos vários pratos que nos vão sendo servidos (numa cadência perfeita), e por duas razões: primeiro, porque qualquer tentativa não vai sequer estar perto dos sabores que tivemos oportunidade de experienciar; e segundo, porque o menu altera regularmente, consoante o produto que o Chef encontra no mercado. Como devia ser em qualquer restaurante, aliás.
Há ingredientes nossos conhecidos e outros nem por isso, combinações mais ou menos improváveis, texturas diversas. Há elementos nos pratos com os quais já nos cruzámos em Portugal, outros que só conhecemos da nossa viagem ao Japão… e outros ainda que nos eram completamente desconhecidos. Mas tudo resulta numa harmonia perfeita, como aliás já diz o nome do projecto.
Ao mesmo tempo que nos vão chegando pratos à mesa (atenção à louça utilizada, porque também faz a diferença), vamos tendo a oportunidade de provar vários saké. O pairing é variado e, acima de tudo, muito interessante, porque permite-nos perceber que existem muitas variantes desta bebida japonesa, que se ajustam perfeitamente a cada um dos momentos da refeição.
Um dos momentos mais marcantes desta experiência é, sem dúvida, quando começam a chegar os nigiris. Provavelmente os melhores que comemos em Lisboa, ou tal nem seja preciso usar o termo “provavelmente”. O que surpreende mais nestes nigiris não é a qualidade excelente do peixe, nem a precisão fantástica do seu corte… é a temperatura do arroz, servido assim tépido, o que lhe dá um sabor fantástico e a textura perfeita para acompanhar o peixe. E que torna cada um destes nigiris numa pequena obra de arte. Vejamos:
Terminamos o menu preparado pelo Chef Lucas com um Dashi, como aliás é tradição no Japão. Um erro comum que fazemos nos restaurantes de sushi em Portugal, que é comer a “sopa” no início da refeição em vez de no final, quando é mais reconfortante. O dashi serve para isso mesmo, para reconfortar o estômago depois dos restantes pratos.
Os dois momentos finais estão reservados para as sobremesas, onde temos um clássico do Chef e uma criação mais fora do comum. Mas sentimos sempre uma noção de percurso, de viagem por sabores exóticos, mas que nos são também ligeiramente reconhecíveis.
O momento do café (e aqui não há expresso) serve também de momento de conversa final, para trocar impressões. O Chef Lucas Azevedo é uma das pessoas mais genuinamente simpáticas com quem já nos cruzámos nas cozinhas de restaurantes, por isso a conversa é bem disposta. Falamos da experiência fenomenal que nos foi proporcionada, de viagens gastronómicas e culturais, de planos para o futuro.
E o futuro, pelo menos para este pop-up, já está mais ou menos definido. Ou seja, têm até ao final de Janeiro para ir até Campo de Ourique e viver esta experiência extraordinária que é um jantar no Harmonia by Sake Miko. Onde ficam nas mãos experientes de um dos melhores Chefs a fazer comida japonesa em Portugal, que vos leva numa viagem inesquecível. Tudo aqui é pensado e executado ao pormenor, com uma técnica apuradíssima e um sentido estético como já não é assim muito habitual. É um jantar do qual não se vão esquecer facilmente. E por isso, não deixem passar esta oportunidade.
Preço Médio: 55€ pessoa (o menu de degustação mais completo + 30€ de pairing de saké)
Informações & Contactos:
Rua Azedo Gneco, 66 | 1340-010 Lisboa | 968 317 157