A conversa foi melhor que a comida…
Às vezes a companhia com quem estamos é tão boa que nos faz quase esquecer que não ficámos maravilhados com um restaurante. A noite passa-se muito bem, de forma divertida, e mesmo que a comida não seja nada de especial, não ficamos a pensar nisso. Só nos lembramos mais tarde, quando começamos a escrever sobre a experiência. Como agora, relativamente ao Páteo do Guincho, um dos vários restaurantes do grupo Páteo do Petisco. Onde tivemos uma noite muito boa, mas onde a comida não foi nada de especial.
E a primeira foto é logo dos Croquetes de Novilho porque, curiosamente, foram o melhor da noite no Páteo do Guincho. Depois da conversa, claro. Bem fritos e bem recheados, saborosos, quase nem precisam da mostarda que os acompanha. Servem para começar a noite, enquanto o sol ainda se põe atrás dos campos de ténis em volta do restaurante, o que nos faz sentir numa espécie de Clube de Campo. Quase que me apetece começar a tratar toda a gente por “vocês”, ou por “tio” e “tia”…
A verdade é que, depois dos Croquetes, que repetimos quando passamos para o interior do restaurante… tudo o resto deixa de ser surpreendente. Se calhar também ficamos influenciados pelo serviço, que mesmo com simpatia é muito demorado. Casa cheia, apenas duas pessoas na sala… seria de esperar. Os Ovos Rotos que se seguem são normalíssimos, e naquela variante em que há demasiadas batatas para o ovo estrelado, por isso nada fica envolvido. Ganha com as lascas de parmesão em cima, é verdade. E a Linguiça que vem ao mesmo tempo para a mesa cumpre a sua função, mas sem ser inesquecível. Só que a conversa está boa, por isso as coisas vão desaparecendo dos pratos.
Ligeiramente mais interessante é o Estufadinho de Rabo de Boi, com boa molhanga e a carne bastante saborosa e tenra. Vai todo, e leva o pão com ele, o que é sempre bom sinal. E, num registo mais fresco, o Atum Marinado com Lima e Azeite do Esporão, que até parece um prato um bocado maricas para este grupo, mas também acaba rapidamente, porque o atum é bom e está mesmo bem marinado. Depois dos croquetes, estes foram os dois pontos altos da noite, pelo menos a nível da comida.
Mas depois veio a grande decepção do jantar, e esta nem a conversa conseguiu esconder. Não quero com isto dizer que tanto o Chulletón Basco como a Vazia Maturada que chegaram em tábuas à mesa estivessem muito maus… mas esperávamos muito melhor deste tipo de carne. Faltava-lhe sabor, tempero, faltava-lhe vida! À mesa estavam 5 pessoas habituadas a comer boa carne e todos olhámos uns para os outros, decepcionados. A qualidade tinha de ser melhor, o tempero tinha de estar no ponto. E não foi isso que aconteceu…
Se calhar até foi pela decepção da carne, mas num grupo que nunca pede sobremesas, aqui no Páteo do Guincho pedimos duas. Para adoçar o final do jantar, digamos. A Mousse de Chocolate é boa, vem com flor de sal como se quer, e curiosamente a Tarte de Lima – mesmo sendo mais industrial – também passa bastante bem. Está longe de ser um final perfeito para o jantar a nível da comida, mas depois a aguardente que acompanha o café acaba por nos fazer esquecer o que correu mal. Quando a conversa é boa, acabamos por esquecer um bocado o resto.
Se foi um jantar do caraças? Foi, claro que foi! Mas não por causa da comida, pela companhia. Se fosse pela comida, este é dos restaurantes do grupo Páteo do Petisco que menos nos marcou. Podemos ter tido azar no serviço no dia em que lá fomos jantar, mas em relação à comida já não nos parece que seja assim. E estamos a falar de coisas simples, que não deviam falhar.
Preço Médio: 20€ pessoa (com cerveja)
Informações & Contactos:
Rua da Areia | Real Clube de Campo Dom Carlos I 2750-642 Cascais | 21 012 46 48