Levem fome e vontade de comer!
É um dado assumido: no Norte do País come-se mais, mais barato e melhor. Ok que este último ponto até pode ser relativo, mas talvez não ande assim muito longe da verdade. O que é uma verdade indiscutível são os outros dois pontos! As doses são muito maiores e os preços são exactamente o oposto. Por isso, sempre que vou até terras do Norte (a maioria das vezes em trabalho, infelizmente), procuro informar-me sobre aqueles sítios que não posso mesmo perder, de tão típicos e maravilhosos que são. Como o Restaurante O Sapo, na zona de Penafiel.
É meter no GPS e conduzir, porque mesmo ficando à beira da estrada, é difícil de perceber que se trata do restaurante. Por fora parece basicamente uma vivenda enorme, e só depois de olhar mais em pormenor é que começo a ver alguns sapos. E depois vejo mais. E depois entro…
É sapos em todo o lado, de todos os tamanhos e feitios. Marca de assinatura da casa, que percebo até ter alguma coisa a ver com quem me recebe (será o dono?…), mas não pergunto o quê. Porque as perguntas vêm do lado de lá: “Então quantos são?” ao que respondo que sou só eu… e recebo um olhar de cima a baixo e o troco com um sorriso: “ok, então são 3! sente-se lá ali naquela mesa e espero que venha com fome!” Pois que ia. Mas mesmo que não fosse, esta forma de receber das gentes do Norte desperta-me logo o apetite! 🙂
E no Sapo as promessas são para cumprir! Por isso, o empregado pergunta-me se pode trazer as entradas… todas. Claro que sim, vejam elas! Primeiro uma tábua (grande, claro) com vários pedaços de pão, 1/4 de queijo e 3 tipos diferentes de enchidos. Coisas simples e boas, que já eram uma entrada bastante porreira… mas depois vem uma pequena travessa com orelha de porco e outra com alguns salgados. Não são salgadinhos, com diminuitivo, são salgados. Duas boas pataniscas, um belo pastel de bacalhau, um rissol razoável (não sou destes bichos), um croquete demasiado seco. Mas que nem acabei de comer porque estava agarrado à maravilhosa orelha!
O vinho tinto estava a saber bem e a verdade é que já estava razoavelmente satisfeito. Mas depois chegou o Naco de Vitela no forno. Que podem ver em baixo:
Pois que se trata de um belo naco de vitela assado no forno, servido numa tábua ligeiramente maior que a das entradas, e cortado na mesa por quem a serve. A acompanhar, duas taças, uma com arroz de forno e outra com batata assada. Não sei se nas fotos se percebe bem o tamanho das doses, mas garanto-vos que dava à vontade para duas pessoas (talvez não para as três que me chamaram no início do jantar, mas para duas dava na boa). A carne deliciosa, bem assada, tenra, macia, as batatas e o arroz cheios de sabor… enfim, mesmo quando a fome já acabou, é quase impossível parar. Fantástico, minha gente!
Se havia ainda espaço para sobremesa? Não, não havia, de todo… mas depois disseram-me que havia Bolo de Bolacha. E quem me conhece sabe que não consigo resistir… O Bolo de Bolacha do Sapo foi o ponto mais baixo da noite, sem ser necessariamente mau. Mas tinha demasiado creme para a bolacha e para o café, o que acaba por torná-lo um pouco enjoativo. É pena, porque seria mesmo uma forma de fechar com chave de ouro um jantar no mínimo… surpreendente.
No fundo, e voltando ao início do texto, adoro o Norte do País. E adoro conhecer sítios diferentes, que me surpreendem porque são aquilo que sempre foram: genuínos. A arte de bem servir num restaurante não é uma coisa muito complicada, basta ter-se gosto naquilo que se faz. E isso depois sente-se no serviço, na comida e nas pessoas que estão nas mesas à nossa volta.
Este O Sapo entra para a minha lista de restaurantes a recomendar a toda a gente que andar naquela zona do País. Porque é pitoresco, porque é tradicional, porque tem comida excelente (e em doses gigantes e a preços muito acessíveis), porque somos recebidos como amigos. E é isso que transforma um simples restaurante num verdadeiro marco gastronómico da região.
Preço Médio: 18€ pessoa (com vinho da casa)
Informações & Contactos:
Rua da Estrada 25 | Irivo | 4560-173 Penafiel | 255 752 326