26 VEGAN FOOD PROJECT

Um oásis mesmo no centro de Lisboa!

O mais difícil para um restaurante – seja ele de que estilo for – é fidelizar os seus clientes. Especialmente nesta fase em que há tanta oferta que se quisermos podemos estar sempre a experimentar restaurantes diferentes. Por isso, para repetirmos um restaurante é porque gostámos mesmo de tudo, ou pelo menos a nossa experiência foi positiva a mais níveis do que é normal. Ou seja, a comida pode nem ser toda fantástica, mas se depois outro factor (como o serviço, por exemplo) se destaca pela positiva, a experiência geral acaba por nos fazer regressar. E foi o que nos aconteceu no 26 Vegan Food Project.

Já tínhamos o 26 Vegan Food Project na nossa lista de restaurantes a visitar há muito tempo. Foi um dos restaurantes que abriu quando se deu o boom dos restaurantes vegetarianos em Lisboa, e daqueles que mais se destacou e de que mais gente falava. E por isso, aproveitámos a nossa experiência de mês vegetariano para finalmente ir ver do que é que toda a gente sempre falou tão bem! 😉

A localização não podia ser melhor, mesmo junto ao Largo do Camões, em pleno Chiado. O que já não é tão claro é a sinalética na entrada, muito escura, sem qualquer iluminação ou destaque, o que faz com que as pessoas passem quase sem perceber. Era preciso ali algum tipo de iluminação, sei lá… até porque depois tudo muda. A porta exterior dá acesso a uma escadaria que nos faz descer até ao piso inferior, onde deparamos com um pequeno páteo e as portas envidraçadas do restaurante. E nem sequer precisamos de entrar para perceber que o principal destaque da decoração são os motivos florais, o que faz todo o sentido tendo em conta o posicionamento do 26 Vegan Food Project.

26 vegan food project

Além disso, temos um espaço com classe, iluminação bem trabalhada a combinar bem com as paredes de pedra e as mesas de mármore escuro. Demasiadas mesas, na minha opinião, o que faz com que estejamos a jantar quase literalmente em cima da mesa do lado, mas ainda assim há menos barulho do que seria de esperar num restaurante com todas as mesas ocupadas.

Começamos por olhar para a carta de cocktails, muito interessante, de onde pedimos dois, cada um melhor que o outro, e que nos acompanham enquanto analisamos o menu. Há pratos que se apresentam como versões de outros com proteína animal, assim como há criações exclusivas, por isso podemos muito por onde escolher. O que conseguimos perceber logo pelo que vemos sair da cozinha – aberta, à frente de todos – para as outras mesas é que as doses são bem servidas.

26 vegan food project
26 vegan food project

Pedimos duas entradas com estilos diferentes, mas que seguem a linha de representar pratos a que estamos habituados com outro tipo de proteína. Por um lado temos o “Choco Frito”, que é cogumelo eryngii panado, acompanhado com uma maionese de ervas caseira. Excelente fritura, com alguma crocância, melhor que algum choco frito tradicional que já comemos, sem dúvida, e com a maionese a fazer o resto no sentido de nos fazer pensar que estamos mesmo a comer aquele petisco. E ainda melhor, no prato ao lado, temos a Praia Idílica, nome romantizado para um ceviche de jaca confitada envolvo em mousse de iogurte, com uma esfera híbrida de algas e ainda um molho de ervas e citrinos. Bom, é fantástico! A conjugação de todos os elementos tem texturas diferentes e tem aquele equilíbrio de acidez que um ceviche deve ter. Sabemos que não há ali o leche de tigre mas os sabores estão tão bem conseguidos que nem nos importamos! É um prato fresco, bonito de se ver e, acima de tudo, delicioso!

E já que estamos a falar de pratos vencedores – assim como que nos remetem para receitas tradicionais – destacamos também o Tofu à Lagareiro. Este era daqueles que já tinha decidido experimentar antes de chegar ao restaurante, curioso de perceber o que é que ia sair dali. E o que temos é outro prato cheio de sabor, cheio de vida. Os pedaços triangulares de tofu são envoltos em alga nori, o que não só lhes dá um sabor a mar como também os faz parecerem onigiris, aqueles triângulos de sushi que tantas vezes comemos no Japão, em viagens de comboio. O prato ainda traz batata a murros, couve portuguesa, azeite e um gel de azeitona, elementos que acabam por dar a ideia do lagareiro, que resulta muito bem. É assumidamente diferente de um lagareiro tradicional mas é um prato fantástico por si só. Novamente, uma excelente surpresa!

26 vegan food project
26 vegan food project

Do outro lado da mesa outro prato que nos pareceu interessante pelo nome e a promessa que apresenta na ementa: Sombra do Monte, que se define como um tributo aos sabores alentejanos. Estamos a falar de “iscas” de cogumelos ostra (por causa do corte), com “açorda” de millet com sabor a mar, consommé de cogumelos, vinagrete de framboesa e palha de raiz de aipo crocante. E depois ainda uma salada de rúcula e outros micro greens. Se a promessa dos sabores alentejanos é interessante, o que depois sentimos é que se trata de um prato com muita coisa, coisas a mais. A salada é dispensável, a proporção entre a “açorda” e as “iscas” é errada, e na realidade há menos contrastes de sabores do que seria de esperar. É um prato que tem muitos elementos mas está praticamente tudo no mesmo registo. Não é mau, mas fica bem atrás do lagareiro.

Ainda assim, o ponto menos alto da noite foi aquele pelo qual tínhamos criado maior expectativa. A Matiné das 5 é inspirada no bolo de bolacha, mas a verdade é que não sentimos ali os elementos principais que caracterizam essa sobremesa. Muito menos bolacha do que seria de esperar, e sem sabor nenhum a café. O creme demasiado denso e em muita quantidade, e um crumble que não aquece nem arrefece. Mesmo tendo em conta que se trata de uma sobremesa vegan, está longe de ser um bolo de bolacha, muito longe… ao contrário do Créme Brûlée de Laranja e Cardamomo, que volta a elevar a fasquia a um nível muito alto! Sabor e textura excelente, bem queimado no topo, de comer e chorar por mais!

26 vegan food project

Neste momento importa destacar o serviço do 26 Vegan Food Project, que é muito acima da média daquilo que se encontra por Lisboa. Sempre atento, sempre explicativo, a dar sugestões e a ouvir as opiniões que vamos dando, como em relação ao “bolo de bolacha”. E por isso mesmo, ainda estávamos a terminar o café quando nos surpreenderam com um pequeno miminho, para nos “compensar” a sobremesa que gostámos menos – trouxeram-nos outras das sobremesas da carta, a Mousse de Chocolate e Avelãs, uma maravilha! A textura, o sabor, tudo muito bom, e acompanhada com um shot de licor de laranja, para molhar a colher antes de ir à mousse (ou despejar por cima dela, que foi o que fizemos). Uma pequena atenção que nos fez esquecer logo o bolo de bolacha!

26 vegan food project

No final da refeição, fizemos questão de explicar tudo isto a quem nos atendeu durante toda a noite. Porque tivemos no 26 Vegan Food Project um jantar muito bom, onde mesmo que nem todos os pratos tenham sido fantásticos, houve destaques claros que nos vão ficar na memória. E, acima de tudo, porque a forma como fomos recebidos e acompanhados durante o nosso jantar faz com que queiramos regressar. Um restaurante tem sempre de ser muito mais do que a comida ou a decoração – e o 26 Vegan Food Project não só é um pequeno oásis no centro de Lisboa, com boa comida, como também tem um serviço muito acima da média.

Preço Médio: 30€ pessoa (com vinho)
Informações & Contactos:
Rua da Horta Seca, 5 | 1200-213 Lisboa | 967 989 184

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