Aquele restaurante que é… “nin”.
Vamos sempre lembrar-nos de 2020 como o ano do Covid-19. O ano em que as nossas vidas mudaram de forma abrupta, e em que tivemos de nos adaptar a uma nova realidade. Nós, como indivíduos, e todas as instituições. E foi também um ano negro para a economia nacional, para todo o comércio e turismo, restaurantes incluídos. A nossa experiência num restaurante mudou radicalmente, porque os próprios restaurantes tiveram de se adaptar. Adaptar os espaços, as mecânicas de serviço, a oferta. Alguns mais do que outros, e apenas com um intuito: sobreviver. Por isso, 2020 vai ficar para sempre marcado nas nossa memórias. E temos experiências para o comprovar.
E este enquadramento serve para a Adega da Marina, restaurante com longa história em Lagos, porque quem tenha conhecido o restaurante antes da pandemia, vai ficar surpreendido com o que encontra agora (como, aliás, podem ver pelas fotos em baixo). Nem falamos só da redução do número de lugares, mas principalmente de tudo o que estava pendurado nas vigas do tecto e que agora foi retirado por questões sanitárias. Exagerado, digo eu, mas tudo bem. O espaço amplo parece agora ainda maior, e continua a estar sempre cheio. Deixou foi de ser tão… pitoresco.
A ementa, essa, continua a seguir a mesma linha de sempre – assim como a grande maioria dos restaurantes da zona. Predominantemente peixe, que podemos ver e escolher na montra colocada perto da entrada, algum marisco (mais para entradas) e alguns pratos de carne também. Uma ementa longa, muito completa, onde nem sempre há de tudo. Mas ainda assim muito variada, como se quer num restaurante com tantos lugares.
Na Adega da Marina podemos sempre começar com entradas, ou se quisermos, o marisco pequeno. O Camarão Frito é assim uma espécie de “al guilho”, mas com menos alho, menos intenso. O camarão é normal, o molho ainda assim é saboroso. E mais saboroso é o molho da Amêijoa à Bulhão Pato, aquele petisco que à partida nunca falha. Este sim, puxado ao alho e ao vinho branco, intenso. A amêijoa também é boa, mas o molho é melhor.
Nos pratos principais, temos muito peixe, como já escrevemos antes, e algumas carne, até porque o Alentejo não é assim muito longe. Mas o peixe é mesmo o principal, e aqui temos as várias opções do dia (expostas na montra) e outros pratos da carta.
O peixe grelhado é, na generalidade, bom. A grelha é boa, por isso o peixe chega à mesa no ponto, e não demasiado passado como acontece em mais de metade dos restaurantes algarvios. Robalo, dourada, espadarte, sardinhas… ainda que estas últimas não sejam grande coisa. Assim como os acompanhamentos, uns legumes cozidos nos tempos errados, com as cenouras quase cruas e os brócolos demasiado cozinhados.
As Lulas são servidas assim tipo à Algarvia, mas com batata frita. Pois, isso mesmo. Boas, as lulas. Congelada, a batata. A mesma batata que acompanha os pratos de carne, como o Naco de Novilho na Brasa, bem servido, com a carne no ponto. Ou os Secretos de Porco Ibérico, que é difícil não correrem bem, desde que a carne em si seja boa. No fundo, é uma carta muito segura, onde nada se destaca nem pelo muito bom… nem pelo muito mau.
Ou antes… destaca-se o Bolo de Bolacha, por ser péssimo. Daqueles industriais, com natas em vez de creme de manteiga, sem saber nada a café… enfim, um desastre. Felizmente, a Torta de Laranja está exactamente no pólo oposto: saborosa, húmida, com uma crosta bem açucarada.
Mesmo sendo um dos restaurantes mais emblemáticos de Lagos, a verdade é que a Adega da Marina não nos deixou muitas saudades. É um sítio seguro, se quiserem, onde não vão ser enganados com os preços nem ficar mal com a comida. Mas há melhor peixe noutros restaurantes, assim como preços mais baratos. E sem termos de ficar na rua, na fila, à espera que libertem a mesa que reservámos mas que está a demorar mais tempo do que seria de esperar. É o Algarve, não é? Pois é…
Preço Médio: 30€ pessoa (com vinho)
Informações & Contactos:
Avenida dos Descobrimentos, 35 | 8600-645 Lagos | 282 764 284