Boa vista, bom peixe… e paga-se por isso.
Bom, vou só esclarecer o título deste artigo, porque sempre que menciono o preço alto no título de um review, recebemos imenso “hate” de gente que só leu isso mesmo, o título. O que nem é surpreendente nos dias de hoje, nas redes sociais, mas que irrita um bocado. Por um lado, porque o que nós fazemos é sempre dar a nossa opinião, e por isso vale o que vale, é uma opinião; e por outro lado, porque nem toda a malta que escreve sobre restaurantes quer só almoços de borla. Ao contrário do que algumas pessoas possam querer acreditar, isto é um hobby para nós e por isso pagamos as nossas refeições. E por isso mesmo podemos sentir que os preços são demasiado altos para o que comemos… como qualquer outra pessoa normal sentiria. Enfim.
A introdução foi longa, e o que interessa é falar sobre o Restaurante Adraga, na Praia da… (adivinharam) Adraga. Não é preciso mais indicações, porque é mesmo o único restaurante na praia, e o acesso é feito exactamente como se fôssemos para o areal. Estamos a falar de uma sala ampla, com janelas grandes e vista para a praia, claro, e também de uma esplanada, esta demasiado próxima do parque de estacionamento.
O Adraga é um restaurante dedicado ao peixe, como seria de esperar pela localização. Montra de peixe no exterior, para se escolher enquanto esperamos mesa, e aquário de marisco no interior, para nos fazer mudar de ideias ao ver os bichos. No fundo, o habitual neste tipo de restaurantes, não é verdade?
Ainda antes de olharmos para a ementa como deve ser, pedimos umas Chamuças, que percebemos ser um ritual repetido por quem é cliente habitual. São grandes, bem fritas, bem recheadas, já com aquele nível de picante apuradinho, que nos desperta as papilas gustativas e nos entretém enquanto passamos os olhos pelo que vamos pedir de seguida.
A ementa tem, então, muito peixe e marisco, e alguns petiscos para complementar. E é por aí que começamos mesmo, ao pedir umas Amêijoas à Bulhão Pato. A dose é bem servida, ainda que um bocadinho cara. De qualquer forma, as amêijoas são boas e o molho – que é o mais importante neste petisco – é saboroso e puxado ao alho, por isso acaba-se com o pão do couvert. E também o pão torrado que pedimos depois para as acompanhar.
Mas ainda podemos pedir Ostras, ao natural, claro, gordas e frescas, ou uns Percebes, estes numa dose melhor servida para o preço que se paga. É verdade que a questão do preço depende da opinião de cada um, mas não podemos deixar de sentir que uns pratos parecem mais desajustados que outros, quando vistos na perspectiva do seu valor.
A questão do preço dos pratos acentua-se ainda mais quando chegamos aos pratos principais, mas há casos mais evidentes que outros. Na fotografia em baixo está uma dose de Sardinhas Assadas – com 5 sardinhas – que custa 14€. Demasiado cara para a quantidade de sardinhas, ainda que estejam bem assadas e sejam saborosas, mas estes preços são ainda mais caros do que nos Santos Populares. Podemos argumentar que estamos em cima da praia e tudo isso, mas não deixa de ser caro, especialmente tendo em conta o tamanho da dose.
Mas depois já não sentimos tanto o exagero de preço quando vamos ao peixe “maior”. O Robalo Grelhado que pedimos numa das nossas várias visitas ao Adraga tem um preço por quilo um pouco acima da média, mas peixe vem novamente bem grelhado, o que mostra que quem está na grelha sabe o que faz. Ou o Pregado que pedimos num outro jantar mais tardio, com mais pessoas, e que estava perfeito a todos os níveis.
Os acompanhamentos são os mesmos para todos os peixes, batata assada e salada mista. Coisas simples, porque a simplicidade funciona sempre muito bem.
Há mais do que peixe fresco grelhado no Restaurante Adraga, como o Polvo à Lagareiro, que é muito bem servido e tem muito azeite e alho como se quer, acompanhado de boa batata mas também de uns legumes salteados desnecessários; ou o Camarão Tigre Grelhado, que é servido com molho de alho, malagueta e aneto, muito bom e bem grelhado (mais uma vez, responsabilidade de quem está atrás da grelha).
No campo das sobremesas, provámos três e ficámos com mixed feelings… A Pavlova é uma sobremesa demasiado doce, na nossa opinião, mas por outro lado temos o Quindim, que é fantástico tanto a nível de textura como a nível do sabor a coco, presente mas não muito intenso. E depois ainda temos a Tarte de Chocolate, que é um misto de bolo e mousse, com duas texturas diferentes, uma bomba calórica, ideal para quem gosta mesmo muito de chocolate.
No fundo, não há nada de errado com o Restaurante Adraga: estando em cima da praia, sabemos que vamos pagar pela localização e pela vista. Pronto. O peixe é fresco e, como já escrevemos várias vezes, é muito bem trabalhado na grelha – e isso é uma arte. Nada do que comemos no Adraga foi mau, estava fora do ponto ou outra coisa qualquer, nada disso. E nem podemos apontar nada ao serviço, que é eficiente e com alguma simpatia. Mas quando vemos a conta, no final, confirmamos que pagámos um pouco mais do que seria de esperar, principalmente por causa das quantidades servidas em alguns pratos. Sendo que isto são opiniões, pode haver quem não sinta o mesmo. Nós sentimos.
Preço Médio: 30€ pessoa (com vinho)
Informações & Contactos:
Praia da Adraga | 2700 Sintra | 21 928 00 28