O tamanho nem sempre importa…
É aquela piada fácil, eu sei disso… mas também é verdade: nem sempre o tamanho é o mais importante. E isto ajusta-se ao Restaurante O Fuso porque as suas duas especialidades são o Bacalhau na Brasa e a Costeleta de Vaca na Brasa, ambas com dimensões consideráveis, que enchem o olho. Mas depois, quando começamos a comer, ficamos ligeiramente decepcionados com a qualidade…

O Fuso é daqueles restaurantes emblemáticos e conhecidos por imensa gente. Fica na Arruda dos Vinhos, e arrisco a dizer que é o principal motivo de visita àquela pequena terra – agora vou levar na cabeça da malta local… Ora, o Fuso é conhecido principalmente pelo Bacalhau na Brasa, que toda a gente identifica por causa das suas postas enormes. Lá está, o tamanho. Depois há também a Costeleta de Vaca, mas o Bacalhau é o prato mais reconhecido.
E nem precisava de ter destaque na ementa, porque é a primeira coisa que vemos quando entramos no restaurante: uma montra com enormes postas de bacalhau já previamente cozinhadas, que depois vão à grelha à medida que os pedidos entram. Tem a sua graça visualmente, e resulta em muitos cliente a parar para tirar fotografias. Pessoalmente, preferia não ver… e atenção, eu sei que as postas de bacalhau precisam de um “entalão” antes de ir à grelha. Só não gosto é que me mostrem isso de forma tão evidente, porque me leva a pensar: “há quanto tempo estarão ali aquelas postas todas?…”


Mas enfim, entremos. O Fuso é aquele típico restaurante de famílias, ou de grupos grandes. As duas salas são gigantes, e é muito engraçado chegar antes das 13h para almoçar e ver como as pessoas começam a encher as mesas e a confusão toma conta do espaço. Ainda que nunca exista muita confusão no serviço, não só porque é feito por empregados que parecem ser veteranos na casa, mas especialmente porque a grande maioria dos clientes não inventa muito: ou pedem o Bacalhau ou pedem a Costeleta.

Ora então, vamos falar do tal Bacalhau. O Bacalhau na Brasa do Fuso é emblemático, sem dúvida, e servido em postas bastante grandes, com muito alho e azeite, acompanhado de batata cozida… que é o melhor da travessa. Atenção, o Bacalhau não é mau, nada disso. Mas nas nossas três visitas ao Fuso no ano de 2024 sentimos sempre que o bacalhau estava mais seco do que devia, e não lascava daquela forma que esperamos sempre. Bem temperado, puxado ao alho… mas seco. As batatas, essas sim, cozidas no ponto, bem temperadas, daquelas que se comem inteiras ou que se esmagam com um garfo, porque têm a textura ideal.


Para quem não queira ir para o Bacalhau, na segunda sala temos a grelha das carnes, que é ocupada quase na totalidade pela tal outra especialidade do restaurante: a Costeleta de Vaca na Brasa. Novamente, de grande dimensão… e também como o Bacalhau, falta ali qualquer coisa. Ou é o tempero, ou é a própria qualidade da carne, não sei bem. A verdade é que é servida no ponto certo, mas depois não nos deixa apaixonados…

Como podem ver na fotografia em baixo – aliás, já acontecia isso com a foto do bacalhau – não há nada de errado nesta Costeleta. Mas a carne não é assim tão tenra como esperávamos, nem tão saborosa. E isso nem está relacionado com o ponto do sal, mas sim com a carne em si. E é uma pena. O que vale é que, numa das visitas que fizemos ao Fuso, resolvemos pedir a Entremeada, que mesmo sendo um corte menos nobre, acabou por se revelar com melhor sabor. E secundada com umas boas batatas fritas, aliás, isso acontece em todos os cortes de carne. No fundo, há aqui uma boa grelha, o que pode não ser assim tão bom é a matéria-prima.


Para o final ficam as sobremesas, que cumprem. A sugestão é sempre o Bolo Folhado, que é isso mesmo, mas nenhuma delas é especialmente marcante: provamos o tal Bolo Folhado, a Mousse de Chocolate, o Bolo de Chocolate e a Tarte de Maçã Merengada, todas num registo de normalidade.

No fundo, a promessa do Fuso é o Bacalhau na Brasa servido numa dose muito acima da média – dose que dá para duas a três pessoas, com um preço elevado que já implica ser para dividir. Mas depois a qualidade não acompanha o tamanho. Houve quem nos tenha dito que a qualidade se foi perdendo ao longo do tempo, mas isso não temos como saber. Aquilo que pudemos comprovar nas nossas três visitas foi que falta ali qualquer coisa. É claro que isso não impede o Fuso de estar sempre completamente cheio aos almoços, e se calhar isso é suficiente. Ou então isso acontece porque se trata de uma zona onde não há assim tantos restaurantes, e este acaba por ser uma escolha segura. Enfim, é o que é…
Preço Médio: 30€ pessoa (com vinho)
Informações & Contactos:
Rua Cândido dos Reis, 94 | 2630-233 Arruda dos Vinhos | 263 975 121