A MELHOR de todas as tabernas de Lisboa!
“Olá boa noite e sejam muito bem-vindos à Taberna Sal Grosso! Espero que gostem e, se não gostarem digam-me que eu trato disso! E atenção que isto é uma taberna, não é nada muito chique ou sofisticado! Aqui somos todos amigos e por isso fazemos o que os amigos fazem, comer, beber e dizer disparates! Aqui queremos que se sintam em casa, só não vale é tirar os sapatos porque o sítio é pequeno e depois não se podia estar aqui!”
E foi assim, agachado junto da nossa mesa, que conhecemos o “chef” Joaquim, dono da Taberna Sal Grosso, mesmo perto de Santa Apolónia.
Foi assim na primeira vez que lá fomos, no longínquo ano de 2015. Estávamos no “boom” das tabernas modernas ou petiscarias ou tascas gourmet ou como lhe quiserem chamar. Daqueles restaurantes que serviam (servem) todos os mesmos petiscos, todos com uma decoração a atirar para o vintage. E, logo nessa altura, a Taberna Sal Grosso distinguiu-se por cumprir a promessa que nos fizeram à mesa: ser uma taberna à antiga, onde cada cliente é mais do que isso, é um amigo. E onde se pode comer, beber, rir e conversar à vontade. Por isso mesmo, tornou-se um dos nossos spots habituais, e dos mais recomendados. Mesmo quando começou a ficar cada vez mais conhecida, ao ponto de ser muito complicado conseguir mesa em qualquer dia da semana.
Voltando um pouco atrás, à nossa primeira visita e ao “chef” Joaquim, que não é chef mas sim o taberneiro. O buzz à volta do Sal Grosso fez com que rapidamente abrissem também a Taberna Salmoura, outro poiso habitual do nosso grupo de amigos. Infelizmente a pandemia foi devastadora para os restaurantes naquela zona da cidade, e ambos os restaurantes fecharam (para nossa enorme tristeza, o Salmoura fechou mesmo definitivamente). O Joaquim mudou-se para Évora, onde abriu a Taberna de Santo Humberto, para onde transportou o ambiente taberneiro que vivíamos em Lisboa. Podem ler aqui o que escrevemos sobre essa taberna.
Felizmente, com o regresso à normalidade, a Taberna Sal Grosso está de volta! O Joaquim já não está ao leme mas deixou a nossa taberna preferida nas mãos de outros dois taberneiros a sério, o que faz com que a (nova) Taberna Sal Grosso continue a ter esse feeling de taberna à antiga, onde realmente toda a gente se conhece ou, se não é o caso, passa a conhecer-se. Este continua a ser o verdadeiro bastião do “entrar cliente e sair amigo”! Porque é impossível fazer aqui uma refeição sem ficar a adorar esta gente ou sem querer voltar sempre que possível. Para comer ou mesmo só para mandar umas bocas!
Taberna que é taberna é um espaço pequeno e barulhento, onde o barulho faz parte da casa. E, claro, é um sítio onde a comida é feita com a alma e com o coração. Como nos disseram desde a primeira visita, a comida da Taberna Sal Grosso é simples e sem nada de chique… e é verdadeiramente deliciosa! Os pratos vão mudando com alguma regularidade (com a excepção de alguns best-sellers), sempre numa óptica de seguir o receituário português mais clássico, com pratos mais consensuais e outros mais… arriscados. Ao olhar para o quadro de ardósia na parede, o difícil é escolher o que comer. São doses pequenas, porque numa tasca é para partilhar.
A recomendação são dois petiscos por pessoa, por isso se forem num grupo grande acabam por provar quase tudo da ementa. Ou voltar frequentemente, como nós! 😉 Há petiscos mais pequenos, como os Pastéis de Bacalhau, simples e deliciosos, outros Pastéis mas de Borrego, acompanhados com um molho de pimento assado, ou as Puntilhitas, que são quase como tremoços ou pipocas, de tão viciantes que são.
Há também Biqueirão, servido com muito alho e azeite, assim como o Toucinho, fatiado tipo carpaccio, também com alho e um toque de azeite, mas sem ser em demasia, para não retirar o sabor ao porco. É complicado descrever os sabores que existem nestes pratos, porque sabem a tudo aquilo que sempre comemos nas tascas ou em casa de familiares. É a simplicidade nos sabores e na apresentação… lá está, é a comida da alma.
Há outros petiscos que nos sabem mais a Verão, ou que ganham pelas cores e empratamentos. A Salada de Tomate aqui é servida com Presunto, Uvas e Queijo da Ilha, e é deliciosa! Assim como o Pica Pau de Atum ou a Barriga de Porco Fumada, aqui servida com uma salada de laranja. O sabor nunca está em questão, porque qualquer um destes pratos tem uma enorme densidade de sabores e contrastes frequentes, ainda que, na sua base, seja comida simples. Comida de conforto, se quiserem.
Mesmo para vegetarianos, temos opções que são autênticas explosões de sabor: os Brócolos com Alho Confitado e Pimento Assado e a Beringela com Iogurte Fumado são dois exemplos flagrantes de como se pode cozinhar sem proteína animal e criar pratos deliciosos, mesmo numa tasca como esta!
E depois há então os clássicos, aqueles pratos que se vão mantendo na ardósia da parede, porque não há outra forma de os descrever senão como pratos perfeitos! As Iscas de Pato são de longe as melhores que já provámos, e sempre cozinhadas na perfeição e com o molho cheio de gordura, para molhar o pão; a Raia Alhada mostra-nos um outro lado fantástico de um peixe tantas vezes esquecido e é um ex-libris do Sal Grosso; assim como o Frango à Beira, ou antes, o Frango com Molho de Leitão, que é exactamente aquilo que promete, picante, intenso, delicioso! Não precisamos de espumas, emulsões, termos franceses ou empratamentos quando nos servem coisas tão simples e tão boas.
A Taberna Sal Grosso é daqueles sítios que merece muitas visitas, mais que não seja para provar o máximo de pratos possível. Mesmo aqueles que achamos que já conhecemos bem e que não nos vão surpreender, acabam por fazê-lo pela confecção imaculada e por sabores excelentes. Como, por exemplo, a Açorda de Bacalhau, bem servida e fresca, o Rabo de Boi, estufado, servido com pera, para lhe cortar um bocado a intensidade, ou a excelente Aba de Novilho Assada, servida com um “simples” puré de batata que é tudo menos isso, porque nos dá um conforto enorme.
Estes pratos maravilhosos (e outros mais) podem ser acompanhados com cerveja ou com um bom vinho branco da casa (só há um, branco e tinto). Não há refrigerantes, nem vale a pena irem por aí. O que há ainda são algumas aguardentes caseiras, oferecidas no final da refeição, para acompanhar o café e mesmo as sobremesas. Sim, porque são menos opções mas não ficam atrás dos pratos a nível de sabor. O Bolo de Queijo é divinal, de comer e chorar por mais, a Mousse de Chocolate é muito saborosa e ganha imenso com as pedras de sal e o azeite… e, claro, temos sempre o Pudim d’Abade Priscos. Nada falha, tudo perfeito!
É repetitivo escrever acerca do bem que nos sentimos na Taberna Sal Grosso, do quanto ficámos impressionados com o ambiente, a simpatia e a comida, desde a primeira visita. Ou como em cada visita nova vamos ficando mais apaixonados por este pequeno restaurante. E também é repetitivo escrevermos uma frase: as coisas mais simples são sempre as melhores. Este é um mote que se ajusta na perfeição a qualquer texto escrito sobre a Taberna Sal Grosso.
Este é daqueles restaurantes que vai voltar a colocar a comida portuguesa (e o espectro da restauração lisboeta) novamente no caminho certo. O caminho do produto nacional, das receitas com tradição, do mostrar aquilo que é nosso com orgulho. É nas mãos desta nova equipa, todos “formados” pelo Joaquim, que a Taberna Sal Grosso se vai voltar a tornar um sítio de visita obrigatória em Lisboa. Resumindo, a Taberna Sal Grosso é a MELHOR taberna de Lisboa!
Preço Médio: 20€ pessoa (vários petiscos e vinho da casa)
Informações & Contactos:
Calçada do Forte, 22 | 1100-256 Lisboa | 21 598 2212