O Sal Grosso chegou a Évora.
É verdade! Começamos o ano de 2024 com uma novidade! A Taberna Sal Grosso, uma das tabernas modernas mais badaladas de Lisboa (e a que deu início a esta tendência, há quase 10 anos) expandiu-se e acabou de abrir em Évora. O conceito continua a ser o mesmo, os petiscos tradicionais numa óptica de partilha, e tendo em conta a lista de espera que existe no restaurante de cá, a viagem de cerca de 1 hora e pouco até Évora não parece assim tão mal. E foi isso exactamente que nós pensámos… e fizemos.
A Taberna Sal Grosso Évora fica na Rua dos Mercadores, uma das pequenas ruas que desce da Praça do Giraldo, por isso não podia ser mais central. O espaço é ligeiramente maior do que o seu homónimo de Lisboa, mas não muito. O que até pode ser bom, porque se a lógica é a de uma taberna, com ênfase na partilha, faz sentido que as pessoas estejam mais ou menos juntas.
Por falar em petiscos e partilha, a ementa do Sal Grosso de Évora segue a linha da do restaurante de Lisboa: estamos no registo da comida portuguesa, em doses que promovem a partilha. Quer-se uma mesa cheia, para que se possam experimentar mais pratos. Uma mesa cheia que começa sempre com aquelas entradas que nos deixam sempre bem dispostos: pão, azeitonas, queijo e um paté de fígado bem bom!
Podemos depois seguir por vários caminhos dentro da ementa, escrita na clássica ardósia na parede. Por exemplo, podemos optar pelo já muito repetitivo Pica-Pau de Atum, aqui com molho bem puxado ao alho, pelo Coelho de Escabeche (com pedaços demasiado grandes do bicho, houve falta de atenção na preparação) ou ainda pelas Perninhas de Rã com Molho de Tomate, um petisco diferente mas que é, no mínimo, viciante. E por falar em viciante, temos o Borrego e Brioche: um brioche recheado com borrego estufado e desfiado, com pickles de pepino e cebola roxa. Para comer com as mãos e depois lamber os dedos, porque estamos numa taberna e podemos fazer isso sem que nos julguem 😉
Não há propriamente uma ordem no menu, podemos pedir o que nos apetece. Por isso seguimos nos pratos a que nos habituámos em Lisboa, e um deles é sem dúvida as Línguas de Bacalhau, servidas com Puré de Ervilha e com uma salsa no topo, um prato fresco e cheio de texturas diferentes, e que pedimos sempre que vamos ao restaurante. Até porque também resulta bastante bem nas fotografias… e todos sabemos que os olhos também comem!
Mas nem todos os pratos são os mesmos que temos na Taberna Sal Grosso em Lisboa. Há aqui alguns mais regionais, se quiserem, ou mais próximos de pratos de conforto, porque Évora atrai um público mais tradicional. Exemplos são a Feijoada de Polvo (que pode ir mudando para Arroz de Polvo, só para variar) ou, claro, a Açorda de Bacalhau, um clássico alentejano, aqui com um caldo intenso e carregado de coentros como se quer – pena os ovos escalfados não serem consistentes na textura. Outra novidade é o Arroz de Pato, aqui caldoso e envinagrado, quase que se pode chamar uma espécie de cabidela, um prato que nos dizem se ter tornado rapidamente um best-seller. Percebemos que a preparação é mais “industrial”, não há aqui o cuidado que se quer numa verdadeira cabidela… mas não deixa de ser um prato vencedor.
Há realmente pratos para todos os gostos e mesmo para diferentes épocas do ano. Por exemplo, para os dias de calor temos um petisco fantástico como a Barriga de Porco Fumada com Salada de Laranja, que quase até pode servir de acompanhamento, enquanto para dias de Inverno podemos optar pelas Bochechas de Novilho, um prato de conforto, com um molho a pedir pão… mas onde as bochechas deviam estar mais tenras. Lá está, é preciso ter mais “mãozinhas” para estes pratos mais tradicionais do que para os petiscos iguais a todas as outras tascas modernas.
Há mais opções de pratos, e mesmo alguns vegetarianos que se tornaram residentes na ementa porque são deliciosos, por isso é mesmo ir em grupo e tentar provar o máximo possível, naquela óptica de partilha. O que também acontece nas sobremesas, mas aqui a tarefa está facilitada porque temos a opção do “pijama”: Farófias, Pudim Abade Priscos, Leite Creme de Maracujá e ainda o Bolo de Queijo. Tudo sobremesas tradicionais, que não ficam na memória, mas servem para terminar a refeição num registo doce.
Como acontece sempre no Sal Grosso, acabamos a refeição com uma partilha de licores, entre eles alguns caseiros. Este é também o momento em que inevitavelmente há maior interação entre as mesas, mais que não seja para trocar garrafas. São “truques” criado no início da Taberna Sal Grosso, em Lisboa, onde era o Joaquim que promovia isso. Agora o processo é mais mecanizado, não há o mesmo espírito tasqueiro. Mas pronto… A Taberna Sal Grosso Évora é uma extensão da casa mãe em Lisboa, sem grande inovação mas com alguma adaptação local. É um espaço que se quer de convívio, de partilha.
Preço Médio: 30€ pessoa (com vinho da casa)
Informações & Contactos:
Rua dos Mercadores, 46 | 7000-537 Évora | 266 700 875